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Publicado em 14 de Dezembro às 12:19:29

Decisão de taxa de juros (Copom): Banco Central reduz a taxa Selic para 11,75% a.a.

O Banco Central (BCB) reduziu a Selic em 0,5 p.p. para 11,75% a.a., em função da melhora do quadro inflacionário, dando continuidade ao processo de flexibilização da política monetária, conforme já antecipado na reunião de novembro. Da mesma forma que a última reunião, a decisão do Comitê foi unânime e ficou em linha com o consenso de mercado (Broadcast+). No entanto, avaliamos que a manutenção de um tom bastante cauteloso por parte do BC, em um contexto de melhora tanto do cenário externo quanto doméstico, surpreendeu o mercado, que tinha a expectativa de um comunicado menos duro, abrindo margem para a aceleração do ritmo de flexibilização na reunião de março. Vale destacar que, caso confirmado o cenário de desinflação esperado, os membros do Copom, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões, avaliando esta estratégia como a mais adequada para garantir que o processo de convergência da inflação ocorra como esperado.

 Em linha com a expectativa de mercado, foi sinalizado que o cenário externo se mostrou menos adverso no período entre reuniões, refletindo o arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos EUA e de sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países. Nesse cenário, o comitê reforçou que os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões no mercado de trabalho. Dessa forma, avalia-se que o cenário ainda exige atenção e cautela por parte de países emergentes.

No que diz respeito ao cenário doméstico, o Comitê apontou que o conjunto de indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Além disso, sinalizou que a inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve a trajetória de desinflação, com destaque para as medidas de inflação mais inerciais, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. Esta avaliação sobre o processo inflacionário doméstico difere do diagnóstico fornecido na última reunião em que fora apontado que o processo inflacionário se encontrava acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta e que a inflação subjacente ainda se encontrava acima da meta para a inflação, reforçando a percepção mais benigna da composição do IPCA nas suas últimas leituras.

O comunicado manteve o balanço de riscos da reunião anterior, destacando que existem riscos para o cenário inflacionário em ambas as direções. Os riscos altistas estão associados à uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Por outro lado, os riscos de baixa estão ligados à uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Mesmo diante do comportamento mais benigno da inflação nos últimos meses, o Comitê reconhece que a conjuntura atual segue sendo marcada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação que apresentam apenas uma reancoragem caracterizada como apenas parcial. Além disso, foi reafirmada a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, reiterando a importância da firme persecução da meta de resultado primário. Vale destacar que a manutenção deste aceno ocorre em um cenário de elevação das incertezas em torno da execução da política fiscal, sobretudo com a elevação da probabilidade de mudança da meta de resultado primário em mar/24, decorrente da combinação entre a frustração do aumento de receitas no próximo ano e a ausência de inclinação do governo em contingenciar despesas. Este cenário demanda serenidade e moderação na condução da política monetária, reforçando a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Nossa avaliação é que o comunicado veio ligeiramente mais duro (Hawk) do que o esperado pelo mercado, mesmo diante da manutenção do ritmo de cortes da Selic já antecipado desde a reunião de agosto, refletindo uma maior ênfase dada para a necessidade de cautela no processo de condução da política monetária, mesmo diante da melhora da conjuntura econômica global e doméstica no período entre reuniões. Cabe destacar que no dia de hoje também tivemos a decisão de política monetária por parte do banco central americano (Fed), que apontou para uma postura menos dura quando comparada à reunião de setembro, sinalizando mais cortes de juros no próximo ano. Se por um lado, o comunicado do Copom sinaliza que há pouca margem para a aceleração do ritmo de corte de juros, por outro a decisão do Fed abre espaço para observamos uma Selic ao final do ciclo abaixo de dois dígitos. Nesse contexto, mantemos a nossa projeção de Selic terminal ao fim do ciclo em 9,75% a.a., entretanto, retiramos o viés altista para a nossa projeção em função da antecipação dos cortes de juro nos EUA do final para a virada do primeiro para o segundo semestre de 2024.

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