O Banco Central (BCB) elevou, de forma unânime, a Selic em 1,5 p.p. Com isto, a Selic atingiu 7,75% a.a. O Copom indicou que deverá aumentar a taxa básica novamente em 1,5 p.p. na próxima reunião, nos dias 7 e 8 de dezembro. Em sua avaliação, o Banco Central destaca que o balanço de risco se deteriorou e o ritmo atual de elevação de juros é o mais adequado para garantir a convergência da meta de inflação.
O Comitê destacou que existem fatores de riscos em ambas as direções: por um lado, uma desaceleração do preço das commodities produziria uma trajetória abaixo do cenário base para inflação do Banco Central. Entretanto, prolongamentos das politicas fiscais podem elevar os prêmios de risco do país.
O Copom destacou que a situação fiscal brasileira vem apresentando desempenho positivo nas últimas leituras. Porém, com a deterioração do arcabouço fiscal (teto de gastos), as expectativas dos agentes foram afetadas negativamente, aumentando a probabilidade de maiores taxas de inflação no cenário base.
Em relação ao cenário externo, o comitê destacou que o ambiente tem se tornado menos favorável e a reação dos bancos centrais frente a persistência da inflação pode levar a um cenário mais desafiador para países emergentes. Além disso, no que diz respeito ao cenário doméstico, destacou que as medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo para cumprimento da meta de inflação.
A projeção do Copom para a inflação subiu de 8,5% para 9,5% em 2021. Para 2022 a projeção passou de 3,7% para 4,1% (sob juros extraído do Focus e câmbio partindo de R$ 5,60/US$ e evoluindo seguindo a paridade do poder de compra).
Opinião do Economista
Apesar de a decisão significar aceleração do ajuste da Selic e ter vindo em linha com as expectativas da maioria dos analistas do mercado financeiro, nossa avaliação é que, diante da decisão do governo de propor uma elevação do teto dos gastos e da perda da âncora fiscal daí decorrente, ela foi bastante tímida. O aumento do risco fiscal e o comportamento dos preços dos ativos financeiros na última semana, desvalorização do real, aumento das taxas de juros e queda dos preços das ações, mostram que a credibilidade da política fiscal atingiu um nível crítico. Isto fez com que aumentasse significativamente o risco de “desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos”, como reconheceu o próprio Banco Central no comunicado pós reunião. Entretanto, esta é praticamente a única referência explícita à mudança do regime fiscal. A combinação de timidez da decisão e a pouca ênfase na perda de credibilidade do regime fiscal pode levar os investidores a avaliar que a autoridade monetária abandonou a meta para a inflação com consequente perda de controle sobre as expectativas e redução da eficácia da política monetária o que levaria a uma total perda de controle sobre as expectativas para a inflação e redução da eficácia da política monetária.