No mês de abril, os três grandes setores da atividade apresentaram resultados piores do que a mediana das expectativas de mercado. Primeiramente, a Produção industrial desapontou com a queda de 0,6% m/m em abril, refletindo as retrações disseminadas com quedas tanto na Indústria Extrativa (-1,1% m/m), quanto na Indústria de Transformação (-0,6% m/m), acumulando retração de 1,0% no ano. Embora o volume de vendas no Varejo tenha apresentado leve expansão de 0,1% m/m na passagem de março para abril, cinco das oito atividades pesquisas tiveram taxa negativas no período. O destaque vai para as contrações nos grupos ligados ao consumo discricionário que tende a ser prejudicado pelo cenário macroeconômico adverso. Por fim, o setor de Serviços apresentou contração de 1,6% m/m na margem, puxado pela forte contração (-4,4% m/m) do segmento de Transportes, que devolveu parte do ganho acumulado (7,5%) entre fevereiro e março. Vale ressaltar que, quatro das cinco atividades pesquisadas pela pesquisa mensal de serviços acompanharam o recuo do índice, corroborando com o nosso cenário de perda de dinamismo da economia ao longo de 2023.
Os dados de abril apontam para continuidade da resiliência do mercado de trabalho. Nesse contexto, o Caged registrou a criação líquida de 180 mil postos de trabalho formal, refletindo saldos positivos em todos os grupos pesquisados. Com este resultado, o saldo líquido acumulado no ano é positivo em 706,2 mil, ante 526,2 mil no mesmo período do ano anterior. Na mesma direção, a taxa de desemprego surpreendeu o mercado ao ficar estável em 8,5% no trimestre móvel encerrado em abril, ante uma expectativa de 8,7% no mês. Esta foi a menor taxa para um trimestre encerrado em abril desde 2015. Embora o mercado de trabalho tenha apresentado uma trajetória de desaceleração mais lenta do que o esperado, avaliamos que os próximos meses devem ser marcados pela intensificação deste processo, sobretudo no segundo semestre diante dos efeitos da política monetária contracionista sobre o nível de atividade.
De maneira geral, embora os principais indicadores setoriais tenham desapontado no mês, o índice de atividade do Banco Central surpreendeu positivamente com um resultado melhor do que o esperado pelo mercado, corroborando com o nosso cenário de expansão do PIB no segundo trimestre. Entretanto, nossos modelos sugerem que a partir do terceiro trimestre, o cenário macroeconômico adverso deve pesar sobre a economia, principalmente diante da deterioração dos indicadores de crédito livre às famílias, que deve dar continuidade ao processo de arrefecimento da demanda agregada. Com este resultado, mantivemos nossa projeção de crescimento de 0,1% t/t do PIB no segundo trimestre e de 1,7% no ano.



