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Publicado em 16 de Outubro às 14:38:55

IBC-BR (Ago/25): IBC-Br confirma cenário de Selic estável e desaceleração controlada

Em agosto, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) registrou expansão de 0,4% m/m na comparação mensal, vindo pior do que o esperado tanto pelo consenso de mercado (0,7% m/m, Broadcast+) quanto por nós (0,74% m/m), interrompendo uma sequência de três recuo consecutivos registrados nos meses imediatamente anteriores. Diferentemente das leituras anteriores, a expansão no mês foi disseminada entre os setores analisados, com o único recuo sendo observado na agropecuária, que segue em trajetória contracionista após forte expansão no 1T25. Na nossa avaliação, o resultado positivo de agosto não deve ser interpretado como um ponto de inflexão da economia para uma possível aceleração na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano, mas sim de confirmação da perspectiva de arrefecimento gradual da atividade econômica frente a um cenário macroeconômico significativamente adverso. Na comparação interanual, o indicador registrou expansão de 0,12% a/a, vindo também pior do que o esperado pelo mercado (0,65% a/a, Broadcast+) e também abaixo da nossa expectativa para o mês (0,56% a/a).

Os dados divulgados hoje pelo Banco Central estão em linha com os indicadores setoriais recentes do IBGE — indústria, serviços e varejo — que apontam para uma expansão da atividade em agosto, revertendo parcialmente as quedas observadas nos meses anteriores e confirmando nossa expectativa de arrefecimento gradual da economia a partir do 2T25. Para os próximos meses, mantemos a avaliação de que a política monetária contracionista continuará afetando os setores mais sensíveis ao ciclo econômico, especialmente aqueles dependentes de crédito, enquanto os segmentos mais vinculados à renda tendem a apresentar maior resiliência, sustentados pela continuidade da política fiscal expansionista e por um mercado de trabalho aquecido, fatores que devem seguir impulsionando o consumo doméstico ao longo dos próximos trimestres.

Os dados de atividade referentes a agosto reforçam nossa avaliação de que a taxa Selic deverá ser mantida em 15,0% a.a. por um período prolongado. O arrefecimento gradual da economia observado nos últimos meses confirma que o atual nível de juros tende a ser suficiente para garantir a convergência da inflação à meta ao longo dos próximos trimestres, mantidas as demais condições. Ainda assim, o descompasso entre as políticas monetária e fiscal permanece como um risco relevante para esse cenário, sobretudo diante da aproximação do ciclo eleitoral, que pode vir acompanhado de maior expansão fiscal. Por ora, mantemos a expectativa de início do ciclo de cortes a partir de março de 2026, com encerramento em 13,0% a.a., em função de um hiato do produto mais elevado do que o projetado pelo Banco Central. Em relação à atividade, os dados divulgados seguem compatíveis com nossa projeção de crescimento do PIB de 0,3% t/t no 3T25 e de 2,3% para o ano.

Houve revisão no dado do mês de maio que saiu de um recuo de -1,2% m/m para -1,1% m/m. Dessa forma, com o resultado de agosto e a revisão na série histórica, o IBC-Br deixa um carrego estatístico de -0,8% para o crescimento da economia no terceiro trimestre e de 2,3% para o ano cheio.

Em agosto, o desempenho positivo do IBC-Br foi impulsionado principalmente pela expansão da indústria (0,8% m/m), interrompendo uma sequência de quatro recuos consecutivos nos meses imediatamente anteriores. Além disso, podemos destacar o avanço de 0,2% m/m do índice do setor de serviços, revertendo parcialmente o recuo de -0,3% m/m do mês imediatamente anterior e dá continuidade à sequência de quatro resultados consecutivos de leituras próximas à estabilidade, sugerindo que o processo de arrefecimento do setor ocorre de maneira significativamente gradual, refletindo os efeitos dos programas de estímulo à demanda e o mercado de trabalho resiliente. Com estes resultados, o índice IBC-Br ex-agro registrou alta de 0,4% m/m, interrompendo uma sequência de três recuos consecutivos nos meses anteriores, de modo que, a sua média móvel trimestral saiu de -0,3% em julho para a estabilidade em agosto, reforçando nossa avaliação de desaceleração moderada da atividade. Por fim, o indicador da agropecuária registrou contração de 1,9% m/m, acumulando queda de 9,7% desde fev/25, revertendo parcialmente a alta acumulada desde o segundo semestre de 2024 até fev/25.

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