O índice de atividade do Banco Central avançou 0,34% em relação ao mês anterior, pior que o esperado pelo mercado (projeção de 0,4% m/m, Broadcast). Na comparação interanual houve crescimento de 0,66%. Com o resultado no mês, o indicador se encontra 0,1% acima do nível pré pandemia e deixa uma herança estatística de -0,14% para o 1º trimestre de 2022.
Os destaques positivos no mês de fevereiro foram os setores industrial e varejista, enquanto os serviços recuaram. No setor industrial, o avanço decorreu da indústria extrativa (com a normalização do nível pluviométrico após as fortes chuvas ocorridas em janeiro impactando a produção de minério em Minas Gerais) e a produção de alimentos (açúcar, carnes e aves). O setor varejista, que passou por uma Natal com vendas mais fracas, realizou promoções ao longo do 1º bimestre do ano para impulsionar vendas, beneficiando as atividades de móveis/eletrodomésticos e vestuários/tecidos. Outro destaque no mês foi para o setor de combustíveis e lubrificantes, que deve arrefecer com a escalada de preços recentemente. Já o setor serviços apresentou queda no mês com o desempenho negativo do grupo informação e comunicação, refletindo a desaceleração dos investimentos em TI, que foram impulsionados com a pandemia de Covid-19. O desempenho do setor agrícola, por sua vez, apresentou contração na estimativa de produção (-3,8%), diante das fortes chuvas na região Sul do país, porém a projeção para o ano continua positiva com avanço de 3,3%, atingindo nível recorde na série histórica.
Projetamos crescimento de 1,0% t/t no 1º trimestre de 2022, com destaque para o desempenho do setor de serviços e agropecuário. Apesar da política monetária contracionista, em que projetamos a taxa Selic chegando a 13,25% a.a. com a maior parte do impacto sendo sentida no 2º semestre de 2022, nossa estimativa de crescimento é de 1,1%, em um cenário de normalização de segmentos do setor de serviços, elevação dos preços das commodities e estímulo fiscal por meio dos entes subnacionais (elevado caixa) e por parte do governo federal com redução de impostos e liberação de pacotes de estímulo como o FGTS. O governo federal promoveu uma nova rodada de redução do IPI (que em parte deve ser absorvida pela margem dos produtores) e retornou com o Pronampe (programa e crédito para pequenas empresas), visando mitigar o arrefecimento do mercado de crédito. O mercado de trabalho vem surpreendendo positivamente e avaliamos que essa tendência continuará, uma vez que vemos o setor de serviços como o maior driver de crescimento no curto prazo. Por fim, os investimentos privados seguem tendência positiva, principalmente, nos setores de construção civil, agropecuário e extrativo mineral.