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Publicado em 28 de Abril às 12:18:32

IBC-Br (fev/23): Com a variação de 3,32% m/m, indicador surpreende positivamente

Em fevereiro, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve alta de 3,32% m/m, na série com ajuste sazonal, acima do teto das expectativas 2,0% m/m (Broadcast+). Ademais, houve uma revisão baixista para o dado de janeiro, que passou de -0,04% m/m para -0,09% m/m. Em relação ao mesmo mês de 2022, houve expansão de 2,76% a/a. Por fim, na média móvel trimestral, usada para captar tendências, o IBC-Br teve alta de 1,32%% em relação aos três meses encerrados em dezembro.

No mês de fevereiro, os três grandes setores da atividade apresentaram resultados em direções distintas. Primeiramente, a produção industrial teve mais uma desaceleração (-0,2% m/m), com forte recuperação da indústria extrativa (4,6% m/m) e piora da retração da indústria de transformação (-0,5% m/m). Já o volume de vendas no varejo recuou 0,1% m/m, levemente melhor que o consenso de mercado(-0,2m/m), com seis das oito atividades apresentando taxas negativas no mês. Por fim, o setor de serviços surpreendeu positivamente, ao registrar expansão melhor que a esperada (1,1% m/m).  Assim, em geral, as pesquisas mensais corroboram os sinais mistos da economia.

Os dados de mercado de trabalho apontam para uma maior resiliência na leitura de fevereiro. Nesse contexto, o Caged registrou um avanço de 3,2% m/m no acumulado em 12 meses do saldo total de criação de postos de trabalho formal, rompendo com uma sequência de dez meses consecutivos de contração desta métrica, refletindo a alta de sete dos oito subgrupos pesquisados. Além disso, embora o número de criação de vagas tenha superado o teto das projeções para o mês de março, acreditamos que este resultado não ilustra a dinâmica que o mercado de trabalho apresentará nas próximas leituras. Já a taxa de desemprego seguiu sua nova tendência de crescimento. No primeiro trimestre de 2023, houve a terceira contração consecutiva do contingente de população ocupada na comparação trimestral, enquanto houve a segunda expansão de desocupados, sendo que a taxa de março apresentou forte aceleração (10,0% t/t ante 5,5% t/t no mês anterior em relação ao trimestre encerrado em novembro). Ademais, reforçamos nossa tese de que há um efeito importante de queda da força de trabalho desde setembro de 2022, quando atingiu sua máxima histórica, que contribuiu para a queda da taxa de desemprego no final do último ano. Assim, na mesma direção, a taxa de participação apresentou sua sexta queda, o que mostra a perda de força do mercado de trabalho e, em nossa visão, reflete os efeitos da expansão das políticas de transferência de renda.

De maneira geral, os indicadores transparecem sinais mistos sobre a atividade econômica. Junto a isso, as recentes mudanças metodológicas e o atraso no calendário de divulgação do IBGE dificultam a acurácia das previsões. Nossas perspectivas para indústria seguem pessimistas, uma vez que não há indícios de melhorias de curto prazo, como diminuição das taxas de juros, ou longo prazo, como retomada de reformas estruturais, para o setor. Ademais, apesar do bom resultado de janeiro, para o varejo, acreditamos que trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade. Por um lado, vemos um vetor negativo advindo da perspectiva de desaceleração da atividade econômica e da piora tanto do perfil de crédito dos consumidores quando da inadimplência. Em contrapartida, a expansão das políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho ainda aquecido devem limitar esse impacto. Por fim, o setor de serviços também é afetado pelos vetores negativos apontados para o setor de varejo que, em nossa visão, vão acabar superando as expectativas positivas advindas dos efeitos inerciais do mercado de trabalho. Assim, nossas projeções seguem apontando para crescimento do PIB em 0,7% em 2023.

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