A atividade econômica brasileira iniciou o 3º trimestre do ano em significativa expansão. O índice de atividade econômica do Banco Central avançou 1,2% em relação ao mês anterior, melhor que o esperado pelo mercado (projeção de 0,5% m/m, Broadcast). Na comparação interanual houve crescimento de 3,9%. Além do forte resultado, houve revisão positiva no mês anterior (junho), passando de 0,7% para 0,9% de crescimento.
Com o resultado de junho e as revisões na série, a atividade econômica brasileira se encontra 3,5% acima do nível pré pandemia, sendo o patamar mais alto desde dezembro de 2014. Além disso, a economia brasileira se encontra 2,2% abaixo do patamar mais alto da série histórica (dezembro/2013). Com o resultado de julho, o carrego é de 1,7% para o 3º trimestre e de 3,3% para o ano de 2022.
Os indicadores de atividade mostraram continuidade da recuperação econômica ao longo do mês de julho, com avanço de 0,6% na indústria (PIM) com ajuste sazonal; de 1,1% nos serviços (PMS); e de 1,2% no IBC-Br. O único recuo ocorreu no setor varejista, com contração de 0,8% na visão restrita e -0,7% na ótica ampliada (que leva em consideração veículos e materiais de construção).
Além disso, um dos destaques para a atividade econômica nos últimos meses vem sendo a recuperação dos indicadores no mercado de trabalho, com a forte queda na taxa de desemprego e o aumento da população ocupada e da massa de rendimentos. Nos últimos 12 meses, a taxa de desemprego caiu 4,6 p.p. (de 13,7% para 9,1%), a população ocupada aumentou em 8,8% (mais 8,0 milhões de trabalhadores) e a massa de rendimentos aumentou 6,1%.
A atividade econômica vem surpreendo positivamente nossa expectativa, porém a tendência e composição dos setores estão vindo em linha com nosso cenário base. Em primeiro lugar, temos visto o protagonismo do setor de serviços na recuperação econômica nesse período pós pandemia, com a combinação da flexibilização de restrições a mobilidade (impulsionando serviços presenciais), além do destaque para o setor de transportes (tanto de cargas quanto de passageiros) e serviços prestados às empresas. Além disso, o setor industrial vem apresentando recuperação, com a melhora do ambiente macroeconômico, diante da menor pressão de custos na cadeia produtiva e da maior oferta de matéria prima/componentes para produção. Por outro lado, o setor varejista, que é mais sensível a política monetária, parece já estar sentindo os efeitos da elevação da taxa de juros, que vem reduzindo as concessões de crédito para as pessoas físicas. Entretanto, os estímulos fiscais combinados ao final de ano mais otimista para o setor varejista (Black Friday, Copa do Mundo, e festas de final de ano) e um mercado de trabalho mais robusto devem dar impulso adicional para o setor.
Nesse sentido, apesar da política monetária contracionista, a combinação do mercado de trabalho mais forte, um setor de serviços que não dá sinais de desaceleração em conjunto com os estímulos fiscais, acarretarão uma desaceleração mais suave nos próximos dois trimestres. Nossa projeção para o PIB de 2022 é de 2,8%, porém com as últimas leituras nosso viés é de crescimento acima dos 3%. Por outro lado, o ano de 2023 será de atividade econômica mais fraca, com os impactos mais perceptíveis da política monetária contracionista, além do esgotamento da normalização econômica no setor de serviços com o fim das restrições.