No mês de junho, os três grandes setores da atividade apresentaram resultados mistos. Primeiramente, a Produção industrial superou as expectativas com crescimento de 0,1% em junho, refletindo o crescimento do grupo de Bens de consumo semi e não duráveis (0,9% m/m), enquanto, Bens de capital (-1,2% m/m), Bens intermediários (-0,3% m/m) e de Bens de consumo duráveis (-4,6% m/m) apresentaram desaceleração. O setor de serviços apresentou variação de 0,2% m/m, frustrando as expectativas do mercado de 0,4% m/m. Nesse sentido, vale destacar o crescimento do grupo de Serviços prestados às famílias (1,9% m/m), acumulando alta de 4,1% nos últimos três meses. O volume de vendas no varejo apresentou estabilidade (0,0%), melhor que as expectativas de queda de 0,2% m/m, acumulando alta de 1,3% no ano. Por fim, a deterioração dos indicadores do mercado de crédito, sobretudo a inadimplência e o comprometimento de renda das famílias, e a política monetária em território significativamente contracionista devem atuar como importantes vetores negativos para os três grandes setores da economia.
Os dados de junho apontam para sinais mistos no mercado de trabalho. Por um lado, o Caged registrou a criação líquida de 157,2 mil postos de trabalho formal, pior que o consenso de mercado cuja expectativa era de criação de 162,0 mil vagas (Broadcast+), refletindo saldos positivos em todos os grupos pesquisados. Com este resultado, o saldo líquido acumulado no ano é positivo em 1,0 milhão ante 1,4 milhão no mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, a taxa de desemprego surpreendeu o mercado ao ficar cair para 8,0% no trimestre móvel encerrado em junho, ante uma expectativa de 8,2% no mês. Esta foi a menor taxa para um trimestre encerrado em maio desde 2014. Embora o mercado de trabalho esteja apresentado uma trajetória de desaceleração mais lenta do que o esperado, avaliamos que o seu processo de arrefecimento deve ser intensificado nos próximos meses, diante da perspectiva de desaceleração mais intensa da economia no segundo semestre devido ao impacto do efeito total da política monetária sobre a economia.
De maneira geral, embora os alguns indicadores setoriais tenham apresentado resultado positivo no mês, o índice de atividade do Banco Central corrobora o nosso cenário de desaceleração a partir do segundo semestre, diante da tendência de desaceleração que pode ser capturada em sua média móvel trimestral. Nesse sentido, nossos modelos sugerem que a partir do terceiro trimestre, o cenário macroeconômico adverso deve pesar sobre a economia, principalmente diante da deterioração dos indicadores de crédito livre às famílias, que deve dar continuidade ao processo de arrefecimento da demanda agregada. Entretanto, no curto prazo, o resultado mais positivo do IBC-Br sugere que o setor da Agropecuária deve ter um papel de destaque no crescimento do segundo trimestre, diante da boa safra de grãos que vem ocorrendo nos últimos meses. Nesse contexto, nossa projeção de crescimento no segundo trimestre foi revisada de 0,1% t/t para 0,2% t/t no segundo trimestre e de 1,9% para 2,0% no ano.