Após duas quedas consecutivas, o índice de atividade econômica do Banco Central voltou para território positivo no mês de junho. O IBC-Br avançou 0,69% em relação ao mês anterior, melhor que o esperado pelo mercado (projeção de 0,38% m/m, Broadcast). Na comparação interanual houve crescimento de 3,1%. Houve revisão no mês anterior (maio), passando de -0,1% para – 0,3%. Com o resultado de junho e as revisões na série, a atividade econômica brasileira se encontra 1,8% acima do nível pré pandemia, deixando carrego de 0,37% para o 3º trimestre e de 2,28% para o ano de 2022.
Com o resultado do IBC-Br, mantivemos nossa projeção para o PIB do 2º trimestre em 3,0% a/a e 1,0% em relação ao 1º trimestre. Os indicadores de atividade mostraram continuidade da recuperação econômica ao longo do 2º trimestre, com avanço de 0,9% na indústria (PIM) com ajuste sazonal; de 1,1% nos serviços (PMS) e no varejo restrito (PMC); e de 0,6% no IBC-Br. O único recuo ocorreu no varejo ampliado (-1,4%) com a contração dos veículos e materiais de construção.
Um dos destaques para a atividade econômica nos últimos meses vem sendo a recuperação dos indicadores no mercado de trabalho, com a forte queda na taxa de desemprego e o aumento da população ocupada e da massa de rendimentos. Nos últimos 12 meses, a taxa de desemprego caiu 4,9 p.p. (de 14,2% para 9,3%), a população ocupada aumentou em 9,9% (mais 8,9 milhões de trabalhadores) e a massa de rendimentos aumentou 4,8%.
Os estímulos fiscais (redução do ICMS em itens essenciais e PEC dos benefícios) darão impulso econômico adicional para o 2º semestre do ano, postergando os impactos mais significativos da política monetária sobre a atividade. Alguns sinais de desaceleração já podem ser vistos no mercado de crédito, principalmente nas concessões livres para as pessoas físicas. Porém, a redução do ICMS representará um crescimento da renda disponível das famílias, com redução de preço em produtos essenciais e amplamente consumidos (combustíveis, energia elétrica, telecomunicações), o que permitirá aumento do consumo em outros bens e serviços. Além disso, a PEC dos benefícios aumentará ainda mais a renda disponível, com destaque para o aumento do Auxílio Brasil em 50% e a zeragem da fila do programa.
Nesse sentido, apesar da política monetária contracionista, a combinação do mercado de trabalho mais forte e resiliente em conjunto com os estímulos fiscais, acarretarão uma desaceleração mais suave nos próximos dois trimestres. Nossa projeção é de 0,3% t/t para o PIB do 3º tri e de 0,1% t/t para o 4º trimestre, fechando o ano com crescimento de 2,5%.