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Publicado em 17 de Julho às 12:10:32

IBC-Br (mai/23): Queda de 2,0% m/m em maio surpreende o mercado

Em maio, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve queda de 2,0% m/m, na série com ajuste sazonal, ficando abaixo do piso das expectativas de -1,20% (Broadcast+). Ademais, houve revisão para os dados dos meses anteriores. O número de fevereiro foi revisado de 2,6% m/m para 3,0% m/m; março passou de -0,1% m/m para -0,3% m/m; abril foi de 0,6% m/m para 0,8% m/m. Com este resultado e as revisões nos dados dos últimos meses, o carrego estatístico para o IBC-Br no segundo trimestre ficou em 0,3% e 2,1% para 2023. Por fim, na média móvel trimestral, usada para captar tendências, o IBC-Br teve queda de 0,49% em relação ao trimestre móvel encerrado em abril, ante 1,15% observados no mês anterior, corroborando com o nosso cenário de desaceleração da economia a partir de segundo trimestre de 2023.

No mês de maio, os três grandes setores da atividade apresentaram resultados mistos. Primeiramente, a Produção industrial superou as expectativas com crescimento de 0,3% em maio, refletindo o crescimento tanto na categoria de bens de capital (4,2% m/m), quanto de bens intermediários (0,1% m/m) e de bens de consumo duráveis (9,8% m/m), acumulando -0,4% no ano. Embora o setor de serviços tenha surpreendido positivamente, com crescimento de 0,9% m/m, vale destacar que, em 12 meses, ocorreu uma desaceleração de 6,8% em abril para 6,4% em maio. Vale destacar que, o resultado de serviços foi impulsionado pelo efeito positivo no grupo de transporte de cargas decorrente da safra recorde de grãos do primeiro semestre. Tal efeito não deve se repetir no segundo semestre devido a menor contribuição do setor agro ao longo do ano. Junto a isso, a deterioração dos indicadores do mercado de crédito, sobretudo a inadimplência e o comprometimento de renda das famílias, deve atuar como um vetor negativo para os três grandes setores da economia. Por fim, o volume de vendas no varejo recuou 1,0%, com destaque para as contrações nos grupos ligados ao consumo discricionário.

Os dados de maio apontam para a desaceleração do mercado de trabalho. Nesse contexto, o Caged registrou a criação líquida de 155,3 mil postos de trabalho formal, refletindo saldos positivos em todos os grupos pesquisados. Com este resultado, o saldo líquido acumulado no ano é positivo em 865,4 mil, ante 1,2 milhão no mesmo período do ano anterior. Na mesma direção, a taxa de desemprego surpreendeu o mercado ao ficar estável em 8,3% no trimestre móvel encerrado em maio, ante uma expectativa de 8,2% no mês. Esta foi a menor taxa para um trimestre encerrado em maio desde 2015. Embora o mercado de trabalho tenha apresentado uma trajetória de desaceleração mais lenta do que o esperado, avaliamos que os próximos meses devem ser marcados pela intensificação deste processo, sobretudo no segundo semestre diante dos efeitos da política monetária contracionista sobre o nível de atividade.

De maneira geral, embora os alguns indicadores setoriais tenham apresentado resultado positivo no mês, o índice de atividade do Banco Central surpreendeu negativamente com um resultado pior do que o piso das expectativas, corroborando o nosso cenário de desaceleração a partir do segundo semestre. Nesse sentido, nossos modelos sugerem que a partir do terceiro trimestre, o cenário macroeconômico adverso deve pesar sobre a economia, principalmente diante da deterioração dos indicadores de crédito livre às famílias, que deve dar continuidade ao processo de arrefecimento da demanda agregada. Com este resultado, mantivemos nossa projeção de crescimento de 0,1% t/t do PIB no segundo trimestre e de 1,9% no ano.

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