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Publicado em 19 de Maio às 10:22:48

IBC-Br (mar/23): Apresenta variação de -0,15% m/m, dentro do intervalo de projeções

Em março, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve queda de 0,15% m/m, na série com ajuste sazonal, abaixo da mediana das expectativas 0,3% m/m (Broadcast+). Ademais, houve uma revisão altista para o dado de janeiro, que passou de -0,09% m/m para 0,59% m/m e baixista para fevereiro, passando de 3,32% m/m para 2,53% m/m. Em relação ao mesmo mês de 2022, houve expansão de 5,46% a/a. Por fim, na média móvel trimestral, usada para captar tendências, o IBC-Br teve alta de 0,98% em relação aos três meses encerrados em fevereiro.

No mês de março, os três grandes setores da atividade apresentaram resultados acima da mediana das expectativas do mercado. Primeiramente, a produção industrial surpreendeu positivamente, apresentando crescimento de 1,1%, com destaque para a Indústria de Transformação (1,4% m/m) e para Indústria Extrativa Mineral (-0,1% m/m). O volume de vendas no varejo avançou 0,8%, superando o teto das expectativas (0,5% m/m), com quatro das oito atividades apresentando taxas positivas no mês. Por fim, o setor de serviços registrou expansão de 0,9%, demonstrando que o setor de serviços ainda pode ser beneficiado pelo setor de tecnologia da informação e transportes. Assim, em geral, as pesquisas corroboram a resiliência da economia brasileira.

Os dados de mercado de trabalho também apontam para uma maior resiliência na leitura de março. Nesse contexto, o Caged registrou um avanço de 3,2% m/m no acumulado em 12 meses do saldo total de criação de postos de trabalho formal, rompendo com uma sequência de dez meses consecutivos de contração desta métrica, refletindo a alta de sete dos oito subgrupos pesquisados. Além disso, embora o número de criação de vagas tenha superado o teto das projeções para o mês de março, acreditamos que este resultado não ilustra a dinâmica que o mercado de trabalho apresentará nas próximas leituras. Já a taxa de desemprego seguiu sua nova tendência de crescimento.

No primeiro trimestre de 2023, houve a terceira contração consecutiva do contingente de população ocupada na comparação trimestral, enquanto houve a segunda expansão de desocupados, sendo que a taxa de março apresentou forte aceleração (10,0% t/t ante 5,5% t/t no mês anterior em relação ao trimestre encerrado em novembro). Ademais, reforçamos nossa tese de que há um efeito importante de queda da força de trabalho desde setembro de 2022, quando atingiu sua máxima histórica, que contribuiu para a queda da taxa de desemprego no final do último ano. Assim, na mesma direção, a taxa de participação apresentou sua sexta queda, o que mostra a perda de força do mercado de trabalho e, em nossa visão, reflete os efeitos da expansão das políticas de transferência de renda.

De maneira geral, os resultados surpreendentes dos indicadores demonstram que há vetores de incentivo que ainda sustentam a atividade econômica. Junto a isso, as recentes mudanças metodológicas e o atraso no calendário de divulgação do IBGE dificultam a acurácia das previsões. Nossas perspectivas para a indústria seguem pessimistas, uma vez que não há indícios de melhorias de curto prazo, como diminuição das taxas de juros e melhora das condições de crédito, ou longo prazo, como a retomada de reformas estruturais. Na mesma linha, apesar do bom resultado de março, acreditamos que trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade do varejo. Por um lado, vemos um vetor negativo advindo do cenário macroeconômico mais adverso, em contrapartida da expansão das políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho ainda aquecido, que devem limitar esse impacto. Por fim, o setor de serviços também é afetado pelos vetores negativos apontados para o setor de varejo que, em nossa visão, vão acabar superando as expectativas positivas advindas dos efeitos inerciais do mercado de trabalho. Assim, nossas projeções seguem apontando para crescimento do PIB em 0,7% em 2023.

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