Em novembro, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) recuou 0,55% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, pior que a expectativa mediana do mercado de -0,20% m/m (Bloomberg). Ademais, houve uma revisão para o dado de outubro, aprofundando a queda apresentada, que passou de -0,05% m/m para -0,28% m/m. Em relação ao mesmo mês de 2021, houve expansão de 1,65% a/a.
Assim, o IBC-Br, que serve como uma proxy para o crescimento do PIB, acumulou uma alta de 3,26% em 2022 até novembro, na série sem ajuste sazonal. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento é de 3,32%. Diante disso, o carrego estatístico para o ano de 2022 é de 3,0% – em linha com a nossa projeção de PIB, de 3,0%. Com este resultado e as revisões na série histórica, o IBC-Br (sem ajuste sazonal) se encontra no nível mais elevado para o mês de novembro desde 2014.
De modo geral, o desempenho da economia foi negativo no mês. Primeiramente, a Produção Industrial registrou recuo de 0,1% m/m, após dois meses de alta, muito influenciada pela virada na indústria extrativa, que recuou 1,5% m/m. Embora tenha havido retração um pouco melhor do que o consenso de mercado, 11 dos 26 ramos pesquisados e apenas umas das quatro grandes categorias econômicas mostraram recuos na produção, o que demonstra que a tendência para o setor segue contracionista, mas ainda não generalizada. Na mesma direção, o volume de vendas no varejo recuou 0,6% m/m no período, com quedas em seis das oito atividades, sendo destaque as vendas de Combustíveis e Lubrificantes (-5,4% m/m), impactadas pela alta dos preços dos combustíveis após meses de deflação; e Equipamentos e Material para Escritório, Informática e Comunicação (-3,4% m/m), prejudicadas pelo desempenho mais fraco da Black Friday. Por fim, o setor de serviços teve mais um mês sem crescimento, registrando estabilidade (0,0% m/m) em novembro, após queda de 0,5% m/m em outubro. A variação nula foi composta pelo recuo de três dos cinco grupos que o compõem, e o destaque foi Informação e Comunicação (-0,7%), que eliminou parte do ganho acumulado no período julho-outubro (5,1%).
Com o mercado de trabalho não foi diferente. O Caged de novembro teve resultado pior que o esperado pelo mercado, com criação líquida de 135,5 mil postos de trabalho formal. Na variação interanual, o saldo líquido foi menor em 178,3 mil vagas (de 313,8 mil para 135,5 mil), principalmente impactado pelo desempenho mais fraco do setor de serviços (-85 mil). Ou seja, mais um indício do efeito do aperto monetário na atividade econômica. No acumulado em 12 meses, entre os maiores grupos econômicos, é possível perceber uma desaceleração disseminada. O setor industrial e o comércio já vêm apresentando perda de dinamismo há alguns meses, diante do contexto macroeconômico mais adverso, enquanto o setor de serviços já teve seis recuos consecutivos em uma desaceleração natural, já que o setor se encontra próximo ao nível mais elevado da série histórica.
Por fim, destacamos que o desempenho mais recente da economia brasileira está em linha com nossas expectativas para o crescimento do PIB em 2022. Apesar da perda de dinamismo nos últimos meses em todos os grandes segmentos da atividade econômica, o setor de serviços segue com uma melhor perspectiva que os demais, uma vez que ainda pode se beneficiar com a acomodação do perfil de consumo de serviços em substituição à aquisição de bens. Além disso, os efeitos inerciais da recuperação do mercado de trabalho em 2022 e as medidas aprovadas de impulso à demanda deverão contribuir positivamente para a expansão do setor nos próximos meses. Em contrapartida, para os setores Varejista e Industrial, o nosso viés segue pessimista diante da política monetária contracionista, do significativo encarecimento do custo do crédito e da elevação do nível de inadimplência das famílias. Nossas projeções apontam para estabilidade do PIB (0,0% t/t) no quarto trimestre e de crescimento de 3,0% em 2022.