Home > Macroeconomia Brasil > IBC-Br (out/22): Índice de Atividade Econômica do Banco Central recua 0,05% m/m

Publicado em 14 de Dezembro às 12:27:22

IBC-Br (out/22): Índice de Atividade Econômica do Banco Central recua 0,05% m/m

Em outubro, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) recuou 0,05% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Desse modo, a leitura surpreendeu negativamente, haja vista que o consenso de mercado aguardava por uma expansão de 0,3% m/m (Broadcast+). Em relação ao mesmo mês de 2021, houve expansão de 3,7% a/a, ficando abaixo da expectativa mediana de 4,0% do mercado, entretanto, ligeiramente pior do que a nossa projeção de expansão de 3,8% a/a. As revisões mistas (tanto para cima quanto para baixo) ficaram próximas da estabilidade.

Diante disso, o IBC-Br, que serve como uma proxy para o crescimento do PIB, acumulou uma alta de 3,4% em 2022 até outubro, na série sem ajuste sazonal.  Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento é de 4,63%. Além disso, com este resultado, o carrego estatístico para o ano de 2022 é de 3,2% – em linha com a nossa projeção de PIB, de 3%. Com este resultado e as revisões na série histórica, o IBC-Br (sem ajuste sazonal) se encontra no nível mais elevado para o mês de outubro desde 2014.

De modo geral, o desempenho da economia foi mista no mês. Por um lado, a Produção Industrial registrou avanço de 0,3% m/m na passagem de setembro para outubro, beneficiada pela expansão de 0,6% m/m da indústria extrativa, com altas concentradas em apenas 7 das 26 categorias pesquisadas, sinalizando a perda de dinamismo do setor. Na mesma direção, o volume de vendas no setor varejista avançou 0,4% m/m no período, refletindo as altas das vendas de Móveis e Eletrodomésticos (2,5% m/m); e Equipamentos e Material para Escritório (2,0% m/m), beneficiados pela apreciação do real no período e da antecipação de descontos da Black Friday. Em contrapartida, o setor de Serviços recuou 0,6% m/m, a primeira variação mensal negativa desde fevereiro deste ano. Este resultado refletiu a contração observada nos serviços de transportes (-1,8% m/m), com taxas negativas em todos os segmentos analisados; e serviços prestados às famílias (-1,5% m/m).

Na nossa avaliação, a perda de dinamismo de todos os grandes segmentos reflete os efeitos da política monetária contracionista sobre a economia brasileira. Acreditamos que esta tendência deve continuar sendo observada nos próximos meses, haja vista o encarecimento do custo de acesso ao crédito e da elevação do nível de inadimplência em um contexto de elevação das incertezas em torno da condução da pauta econômica durante o próximo governo.

Além disso, o mercado de trabalho também apresentou uma leitura mista para o mês de outubro. Por um lado, de acordo com o Caged, a economia brasileira criou 159,5 mil postos de trabalho forma, vindo significativamente pior que o saldo projetado pelo mercado de 210 mil vagas (Bloomberg). Na variação interanual, o saldo líquido foi menor em 93 mil vagas (252,5 mil para 159,5 mil), principalmente impactado pelo desempenho mais fraco do setor de Serviços (-55,9 mil). Em contrapartida, a PNAD apresentou uma forte queda na taxa de desemprego que ficou em 8,3% da força de trabalho, vindo substancialmente melhor que o consenso que projetava um recuo da taxa de desocupação para 8,5% no trimestre encerrado em outubro, sendo esta a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em outubro desde 2014. Deve-se destacar o crescimento da população ocupada que atingiu o maior nível já registrado pela série histórica. Além disso, a taxa composta de subutilização ficou em 20,1%, o menor nível desde janeiro de 2016.

Por fim, destacamos que o desempenho mais recente da economia brasileira está em linha com nossas expectativas para o crescimento do PIB em 2022. Acreditamos no protagonismo do setor de serviços, ainda que em um ritmo mais moderado do que o observado nos trimestres anteriores, em meio a dinâmica de mudança do padrão de consumo de bens para serviços. Além disso, a melhora do mercado de trabalho e as medidas aprovadas de impulso à demanda deverão contribuir positivamente para a expansão do setor nos próximos meses. Em contrapartida, para os setores Varejista e Industrial, o nosso viés segue pessimista diante da política monetária contracionista, do significativo encarecimento do custo do crédito e da elevação do nível de inadimplência das famílias. Nesse contexto, avaliamos que ambos devem apresentar leituras negativas nos próximos meses, entretanto, o Comércio deve ficar próximo da estabilidade por conta da elevação do Auxílio Brasil para R$ 600,00, que beneficiará a abertura de Supermercados e Hipermercados, que contribui com cerca de 50% da variação do índice, ancorando o desempenho do setor varejista. Em contrapartida, segmentos mais dependentes do crédito (Móveis e Eletrodomésticos e Vendas de Veículos, por exemplo) devem continuar se contraindo na margem, refletindo principalmente os impactos da política monetária contracionista. Nossas projeções apontam para uma leve expansão do PIB (0,1% t/t) no último trimestre de 2022.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir