No mês de outubro, os três grandes setores da atividade apresentaram resultados negativos. Primeiramente, o volume de vendas no varejo recuou 0,3% m/m, abaixo do piso das estimativas de -0,2%. Nesse sentido, vale destacar o desempenho negativo em 5 dos 8 grupos pesquisados, com destaque para a queda de 0,8% de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, interrompendo quatro meses no campo positivo. O setor de serviços apresentou queda de 0,6% m/m, abaixo da mediana das estimativas de estabilidade. Nesse contexto, duas das cinco atividades investigadas acompanharam a retração do índice, com destaque para Transportes (-2,0% m/m), influenciado pela queda no volume de transporte de cargas, que apontou retração de 2,3%, impactado pelo fim das colheitas recordes e pela expectativa de uma safra menor no próximo ano. Por último, a produção industrial avançou 0,1% m/m, também pior do que as expectativas de 0,4%, com destaque para o perfil disseminado de taxas negativas, uma vez que apenas uma das quatro grandes categorias e 14 dos 25 ramos industriais pesquisados apresentaram expansão.
Os dados de outubro apontam para a resiliência do mercado de trabalho. Nesse contexto, o Caged registrou a criação de 190,4 mil vagas, resultado melhor do que o esperado pelo mercado de 135,0 mil vagas, refletindo saldos positivos em todos os grupos pesquisados. Com este resultado, o saldo líquido acumulado no ano é positivo em 1,78 milhão ante 2,34 milhões no mesmo período do ano anterior. Além disso, a taxa de desemprego ficou em linha com as expectativas de 7,6% no trimestre móvel encerrado em outubro, com destaque positivo para aumento da taxa de participação no trimestre, decorrente do aumento da população ocupada no período. Apesar do diagnóstico mais positivo para o mercado de trabalho, avaliamos que o seu processo de arrefecimento deve ser intensificado nos próximos meses, diante da perspectiva de desaceleração mais intensa da economia nos próximos trimestres devido ao impacto do efeito total da política monetária sobre a economia.
De maneira geral, tanto os indicadores setoriais quanto o índice de atividade do Banco Central corroboram o nosso cenário de desaceleração a partir do segundo semestre, com o PIB do quarto trimestre devendo apresentar uma contração de 0,3% na métrica trimestral dessazonalizada. Dessa forma, o cenário macroeconômico adverso deve pesar sobre a economia, principalmente diante da deterioração dos indicadores de crédito livre às famílias, que deve dar continuidade ao processo de arrefecimento da demanda agregada. Para o ano, projetamos que o PIB avance 2,9%.