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Publicado em 15 de Dezembro às 14:22:08

IBC-BR (Out/25): Atividade inicia o quarto trimestre em território contracionista

Em outubro, o IBC-Br (índice de Atividade Econômica do Banco Central) registrou recuo de 0,25% m/m na comparação mensal, vindo pior do que o esperado tanto pelo consenso de mercado (0,1% m/m, Broadcast+) quanto por nós (0,2% m/m). Com este resultado, o indicador dá continuidade ao recuo observado no mês imediatamente anterior, sinalizando que a economia inicia o quarto trimestre em território contracionista, tendo como destaque o desempenho negativo dos setores mais cíclicos. Na nossa avaliação, o dado de hoje segue reforçando o diagnóstico de que a economia se encontra em trajetória de arrefecimento desde o segundo trimestre do ano, refletindo o ambiente macroeconômico mais adverso, sobretudo dos efeitos defasados da política monetária significativamente contracionista sobre setores mais sensíveis ao crédito. Na comparação interanual, houve expansão de 0,4% a/a, resultado que também ficou abaixo do esperado pelo mercado (0,6% a/a, Broadcast+) e do que a nossa expectativa para o mês (0,8% a/a).

Os dados divulgados hoje pelo Banco Central contrastam as leituras setoriais mais recentes divulgadas pelo IBGE – indústria, serviços e varejo – que, apontaram para uma expansão mais disseminada da economia ao longo do mês de outubro e reforçaram uma perspectiva de arrefecimento bastante gradual da atividade ao longo dos próximos meses. Vale notar, ainda, que houve revisões majoritariamente altistas nas séries com ajuste sazonal desde o início do ano, o que sugere que a variação negativa do IBC-Br na margem pode estar, em parte, contaminada por um efeito-base mais elevado. Ainda assim, avaliamos que a divulgação de hoje é consistente com a leitura de desaceleração em curso na economia brasileira, refletindo os efeitos de uma política monetária significativamente contracionista, parcialmente compensados por uma política fiscal expansionista e por um mercado de trabalho ainda aquecido. Ainda assim, diante dos elevados níveis de endividamento das famílias e do aumento do comprometimento da renda com o serviço da dívida, entendemos que o impulso positivo oriundo da renda e da política fiscal tende a perder força. Esse quadro deve contribuir para uma desaceleração do consumo ao longo dos próximos trimestres, embora em ritmo gradual, compatível com o cenário de moderação da atividade que projetamos.

Os dados de atividade referentes a outubro reforçam nossa avaliação de que a taxa Selic está bem calibrada para promover um arrefecimento gradual da economia ao mesmo tempo em que contribui para a convergência da inflação à meta. Mantemos a percepção de que a taxa deve permanecer em 15,0% a.a. por um período ainda prolongado, refletindo principalmente a necessidade de uma condução cautelosa da política monetária em um ambiente marcado pelo descasamento entre as políticas monetária e fiscal – que tende a se intensificar com a aproximação do ciclo eleitoral. Além disso, sob a perspectiva de que o ciclo eleitoral adicione volatilidade ao cenário, entendemos que o BC deve seguir priorizando a reancoragem das expectativas de inflação, de modo a reduzir o custo do processo de desinflação. Dessa forma, seguimos projetando que o início do ciclo de afrouxamento monetário deve ocorrer apenas na reunião de mar/26, com um corte inicial de 25 bps, com a Selic encerrando o ano em 13,0% a.a., sustentada por nossas estimativas de um hiato do produto mais elevado do que o considerado pelo Banco Central. Do lado da atividade, os dados divulgados hoje sugerem crescimento próximo da estabilidade à frente. Projetamos alta de 0,2% t/t do PIB no 4T, o que levaria o crescimento em 2025 para 2,3%.

Houve revisões nos dados dos meses anteriores. O IBC-Br de junho saiu de -0,29% m/m para -0,25% m/m, o de julho saiu de -0,49% m/m para -0,43% m/m, o de agosto recuou de 0,39% m/m para 0,36% m/m e o de setembro de -0,24% m/m para -0,19% m/m. Com o resultado de outubro e as revisões na série histórica, o IBC-Br deixa um carrego estatístico de -0,3% para o crescimento da economia no quarto trimestre do ano e de 2,3% no ano cheio.

Em outubro, o desempenho negativo do IBC-Br foi puxado principalmente pela indústria que registrou recuo de 0,74% m/m, dando continuidade à contração de -0,69% m/m observada na leitura imediatamente anterior, reforçando a percepção de perda de dinamismo do setor em função na política monetária contracionista. Na mesma direção, os serviços registraram contração de -0,23% m/m, após ter ficado praticamente estável na leitura de setembro, retornando para uma sequência de contrações observadas nos meses de maio a julho. Cabe destacar que o setor de serviços apresenta pelo sexto mês consecutivo resultados próximos à estabilidade, sugerindo que o processo de arrefecimento do setor ocorre de maneira gradual, sendo beneficiado pela política fiscal expansionista e pelo mercado de trabalho aquecido. Em contrapartida, a única alta ficou por conta da agropecuária que avançou 3,07% m/m, após registrar alta de 1,86% m/m no mês imediatamente anterior. Com estes resultados, o índice IBC-Br ex-agro registrou recuo de 0,31% m/m em outubro, dando continuidade ao recuo de -0,29% m/m de setembro. Apesar dos resultados mais negativos, tanto o IBC-Br quanto o IBC-Br ex-agro seguem operando próximos da estabilidade na média móvel trimestral (0,0% e -0,1%, respectivamente), pelo terceiro mês consecutivo, sugerindo que o processo de perda de dinamismo ocorre de maneira bastante gradual.

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