Em agosto, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) avançou 0,05% em relação ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal. Desse modo, a leitura surpreendeu de forma ligeiramente negativa, haja vista que a projeção mediana do mercado era de expansão de 0,2% m/m (Bloomberg), entretanto, ficou em linha com nossa projeção de alta de 0,07% m/m. Em relação ao mesmo mês de 2021, houve um crescimento de 4,0% – também ligeiramente abaixo das expectativas, que apontavam para um crescimento de 4,1%. As revisões mistas (tanto para cima quanto para baixo) ficaram próximas da estabilidade.
Diante disso, o IBC-Br, que serve como uma proxy para o crescimento do PIB, acumulou uma alta de 2,93% em 2022 até setembro, na série sem ajuste sazonal. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o crescimento é de 4,3%. Além disso, com este resultado, o carrego estatístico para o ano de 2022 é de 2,8% – em linha com a nossa projeção de PIB, de 3%.
De modo geral, o desempenho da economia foi mista no mês. Por um lado, a Produção Industrial registrou contração de 0,7% m/m na passagem de agosto para setembro. Já as Vendas no Varejo e no setor de Serviços avançaram 1,1% m/m e 0,9% m/m, respectivamente. Na nossa avaliação, o setor de serviços, continuará sendo o principal vetor de crescimento da economia nos próximos meses, beneficiado pela normalização do perfil de consumo do brasileiro e da melhora no mercado de trabalho. Deve-se destacar ainda o carrego estatístico considerável do setor de serviços, tanto para o quarto trimestre de 2022 (1,0%) quanto para o ano (8,3%).
Além disso, o mercado de trabalho continua a surpreender com sua resiliência. De acordo com o Caged, a economia brasileira criou 278 mil postos de trabalho no mês de setembro, levemente acima do consenso de mercado que era de criação de 275 mil vagas (Bloomberg). Novamente, o resultado foi puxado pelo setor de Serviços, com 122,6 mil vagas líquidas criadas. Historicamente, o setor de Serviços representa cerca de 40% das vagas líquidas criadas na economia, entretanto, no período recente, o patamar é de cerca de 52% do total, mostrando o protagonismo do segmento na recuperação do mercado de trabalho. Já no que se refere à PNAD, a taxa de desemprego no trimestre móvel encerrado em setembro caiu para 8,7%, sendo esta a menor taxa de desocupação para um trimestre encerrado em setembro desde 2015. Deve-se destacar o crescimento da população ocupada que atingiu o maior nível já registrado pela série histórica. Além disso, a taxa composta de subutilização ficou em 20,1%, o menor nível desde março de 2016.
Por fim, destacamos que o desempenho mais recente da economia brasileira está em linha com nossas expectativas para o crescimento do PIB em 2022. Acreditamos no protagonismo do setor de serviços, em meio a dinâmica de mudança do padrão de consumo de bens para serviços. Além disso, a melhora do mercado de trabalho e as medidas aprovadas de impulso à demanda deverão contribuir positivamente para a expansão do setor nos próximos meses. Em contrapartida, para os setores Varejista e Industrial, o nosso viés segue pessimista diante da política monetária contracionista e do significativo encarecimento do custo do crédito. Nesse contexto, avaliamos que ambos devem apresentar leituras negativas nos próximos meses, entretanto, o Comércio deve ficar próximo da estabilidade por conta da elevação do Auxílio Brasil para R$ 600,00, que beneficiará a abertura de Supermercados e Hipermercados. Em contrapartida, segmentos mais dependentes do crédito (Móveis e Eletrodomésticos, por exemplo) devem continuar se contraindo na margem, refletindo os impactos da política monetária contracionista.