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Publicado em 27 de Abril às 14:32:27

IGP-M (abr/23): índice geral de preços volta a registrar deflação, recuando 0,95% m/m

Em abril, o Índice Geral de Preços (IGP-M) contraiu 0,95% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), novamente abaixo da mediana das projeções (-0,71%, Broadcast+). Com este resultado, o índice acumula queda de 0,75% no ano e 2,17% em doze meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) aprofundou a queda registrada em março e recuou 1,45% m/m, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) continuou a avançar, ainda que em ritmo menor (0,46% m/m, ante 0,66% m/m). Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acelerou o seu ritmo de alta, saindo de 0,18% m/m para 0,23% m/m.

O aprofundamento da retração do IPA-M em relação ao mês de março se deu tanto pelo resultado do IPA agrícola, que saiu de 0,00% m/m para -2,50% m/m, como pelo resultado do IPA industrial, que aprofundou a deflação (-1,04% m/m, ante -0,16% m/m). O primeiro foi impactado por deflações em commodities alimentícias importantes como soja (-9,34%) e milho (-4,33%), enquanto o segundo teve a sua queda puxada pelo recuo dos preços do minério de ferro (-4,41%). Olhando o IPA por estágios de processamento, as Matérias-Primas Brutas reverteram a alta de 0,71% m/m registrada em março, dando lugar a uma contração de 3,20% m/m em abril. Os Bens Intermediários aprofundaram a deflação em abril, com os preços variando -1,74% m/m, ante -1,08% m/m no mês imediatamente anterior. A maior contribuição para isto veio novamente do subitem de materiais e componentes para a manufatura, que saiu de -0,52% para -1,23% no mesmo período. Os Bens Finais apresentaram um repique em abril, com o avanço de 0,12% m/m em março dando lugar a uma alta de 0,81% m/m. Desta vez, os combustíveis para o consumo deixaram de ser o principal fator de contribuição, com os alimentos processados (0,65% m/m, ante -0,96% m/m) assumindo o protagonismo.

Após acelerar em março, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) voltou a registrar um menor avanço da sua taxa de variação em abril (0,46% m/m, ante 0,66% m/m). O grupo Saúde e Cuidados Pessoais (1,01% m/m, ante 1,00% m/m) apresentou a maior alta dentre as oito classes de despesa que compõe o indicador, pressionado pelo reajuste dos medicamentos (2,02%). Outros quatro grupos também apresentaram acréscimo em suas taxas: Alimentação (0,36% m/m, ante 0,14% m/m), Vestuário (0,31% m/m, ante 0,20% m/m), Despesas Diversas (0,18% m/m, ante 0,13% m/m) e Educação, Leitura e Recreação (-0,96% m/m, ante -1,50% m/m). Por outro lado, os grupos de Transportes (0,85% m/m, ante 2,22% m/m), Habitação (0,62% m/m, ante 0,84% m/m) e Comunicação (0,21% m/m, ante 0,46% m/m) mostraram arrefecimento no mês. Nessas categorias os destaques foram para os itens: aluguel residencial (1,31% m/m, ante 2,73% m/m) e tarifa de telefone móvel (0,55% m/m, ante 1,18% m/m). Vale destacar que apesar de ter apresentado decréscimo na sua taxa de variação mensal, o grupo de Transportes continuou sendo o maior responsável pela alta dos preços ao consumidor. O reajuste do item gasolina (2,39%) foi o principal fator.

Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) apresentou apenas leve aceleração em relação a taxa registrada em março, saindo de 0,18% m/m para 0,23% m/m. Esse resultado foi puxado pelo grupo de Materiais e Equipamentos (0,14%, ante -0,07%). Como a construção civil é um setor intensivo em capital, a perspectiva da taxa básica de juros (Selic) ser mantida em patamar elevado por mais tempo contribui para manter uma pressão altista sobre os custos do setor. Em contrapartida, os grupos Mão-de-obra (0,23% m/m, ante 0,27% m/m) e Serviços (0,65% m/m, ante 0,88% m/m) apresentaram decréscimo nas suas taxas de variação.

Esse resultado do Índice Geral de Preços continua a reforçar a tese de que as pressões de custos são um fator cada vez menos relevante para a determinação da inflação ao consumidor. Com o IGP-M tendo recuado para -2,17% na métrica em doze meses e com o IPA-M saindo de -1,7% a/a para -4,5% a/a, o espaço para repasses da inflação ao nível do produtor para o consumidor diminuiu. A forte deflação registrada pelo IPA Agrícola confirmou o bom momento que vive o setor agropecuário e reforçou a nossa tese de que esse setor registrará um forte crescimento neste ano. O aumento da oferta de alimentos deve continuar a aliviar a pressão sobre os preços, de modo que o IPA agrícola deve continuar a registrar contribuições negativas para o índice cheio. Por fim, o desejo de criação de um estoque regulador de alimentos por parte do governo deve contribuir para diminuir a volatilidade de preços.

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