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Publicado em 29 de Abril às 11:33:14

IGP-M (abr/24): Custos do produtor se elevam e serviços seguem pressionados

Em abril, o Índice Geral de Preços (IGP-M) registrou uma variação de 0,31% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), acima do teto das estimativas de mercado (alta de 0,26% m/m, Broadcast+). Com este resultado, o índice acumula deflação de 3,04% nos últimos doze meses e deflação de 0,60% no ano. O número de abril refletiu da inversão do comportamento do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), que registrava queda de 0,77% m/m no mês anterior, registrando uma variação de 0,29% m/m. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) registrou uma variação de 0,32% m/m em abril, número um pouco acima da leitura de março (0,29% m/m). Já o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) registrou avanço de 0,41% m/m em abril, uma aceleração acentuada em relação a março (0,24% m/m).

A principal contribuição para o IPA-M veio dos produtos industriais (0,29% m/m, ante -0,77% m/m). A leitura é reflexo da aceleração dos produtos agropecuários (1,47% m/m ante 0,62% m/m) e redução da desaceleração dos industriais (-0,13% m/m ante -1,26% m/m). Por origem dos produtos, destacam-se as acelerações da soja (5,66% m/m ante -0,47% m/m), do café em grão (9,57% ante 0,62% m/m), cacau (63,63% m/m ante 19,92% m/m) e minério de ferro (-4,78% m/m ante -13,27% m/m). Olhando o IPA-M por estágios de processamento, o comportamento do índice cheio se deve a inversão do ritmo de queda intenso das matérias-primas brutas (0,24% m/m ante -2,71% m/m) e aceleração dos bens intermediários (0,72% m/m ante 0,22% m/m). Do primeiro grupo, destacam-se os itens já mencionados acima, e do segundo o subgrupo de materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 0,06% m/m em março para 0,85% m/m em abril.  Já os bens finais registraram deflação na leitura, saindo de uma variação de 0,03% m/m em março para -0,13% m/m em abril.

O IPC-M registrou ligeiro avanço em sua taxa de variação, saindo de 0,29% m/m em março para 0,32% m/m em abril. Do índice, vale destacar o comportamento altista das hortaliças e legumes (-0,29% m/m para 6,04% m/m), medicamentos (-0,01% m/m para 2,48% m/m) e eletricidade residencial (-0,52% m/m para 0,92% m/m). Das contribuições baixistas, destaca-se a gasolina (1,50% m/m para 0,30% m/m) e os serviços bancários (1,45% m/m para 0,20% m/m). Alguns grupos ligados a serviços prestados às famílias também mostram aceleração, como saúde e cuidados pessoais (0,42% m/m para 0,63% m/m), habitação (0,47% m/m para 0,54% m/m) e comunicação (-0,06% m/m para 0,16% m/m). Apesar dessas altas não serem tão acentuadas, o direcional chama atenção, pois são grupos relevantes para a inflação de serviços, métrica acompanhada de perto pela autoridade monetária.

O INCC registrou alta de 0,41% m/m em abril, valor bem superior à taxa de 0,24% observada em março. Dentre os subgrupos da categoria, vale destacar o grupo de serviços (0,29% m/m ante 0,14% m/m) e o grupo mão de obra (0,74% m/m ante 0,23% m/m). A taxa do mês de abril é a maior taxa realizada para o índice desde junho de 2023, e a taxa para o mesmo mês em 2023 foi de 0,23% m/m. O setor de construção civil parece ainda enfrentar custos altos, podendo ser reflexo de um mercado de trabalho ainda pressionado.

O aumento do nível de preços medido pelo IGP-M foi basicamente puxado pelo IPA-M, sinalizando que os produtores enfrentam custos mais elevados em alguns itens. O principal motor dessa aceleração vem de itens agrícolas, insumos muito afetados pelas condições de oferta, que podem oscilar bastante ao longo do ano devido a sazonalidade e anomalias climáticas. O cenário para alimentos no resto do ano, em geral, é benigno, mas a categoria tem mostrado resistência no varejo e, conforme apontado pelo IGP-M, existe ainda pressão nos custos marginais para os itens da categoria. Outro ponto de atenção é a alta relacionada a alguns tipos de serviços, tanto os prestados às famílias quanto àqueles prestados às empresas. Cabe lembrar que o índice tem impacto direto sobre as perspectivas de arrecadação do governo para o ano. Como a arrecadação reage mais ao IGP-M e as despesas do governo são corrigidas pelo IPCA, uma mudança de preços relativos entre esses dois índices de inflação deve ser um fator a mais, além da desaceleração esperada da economia, a pressionar a arrecadação e a razão dívida/PIB em 2024. Nossa projeção para o índice em 2024 é de alta de 2,50%.

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