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Publicado em 28 de Agosto às 16:33:51

IGP-M (Ago/25): Avanço acima do consenso com risco para bens industriais

O IGP-M em agosto avançou 0,36% m/m, ligeiramente abaixo da nossa projeção (0,37% m/m), mas consideravelmente acima da mediana do mercado de 0,20% m/m. Nos últimos 12 meses, o índice acumulou alta de 3,03% e 1,35% no ano.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) voltou a avançar em agosto, registrando alta de 0,43% m/m, após recuo de -1,29% m/m em julho. A inflexão foi marcada pela desaceleração das quedas nos preços agropecuários, que vinham refletindo forte efeito sazonal e a maior oferta de safras no período e, também, pelo avanço dos preços industriais. O principal destaque entre os produtos industriais foi o minério de ferro, que subiu 6,76% m/m, configurando o principal vetor de alta do subgrupo, e se comportando de forma consistente com a alta do preço do minério no mercado internacional desde julho. A reaceleração dele acende um alerta sobre a trajetória futura dos bens industriais, sugerindo que existe um risco de atenuar a tendência de baixa dos industriais mesmo diante de um câmbio mais apreciado e commodities mais baratas.

No caso dos produtos agropecuários, a pressão baixista persistiu, mas em intensidade bem menor que a observada nos meses anteriores, conforme a sazonalidade nos alimentos. Ainda assim, alguns itens chamaram atenção: o café, por exemplo, interrompeu a trajetória de queda e voltou a registrar alta, o que indica que os efeitos baixistas esperados das tarifas americanas ainda não se materializaram e aciona um risco que vai de encontro com a deflação que temos como projeção para os próximos meses. Por outro lado, tanto carne bovina quanto o boi registraram queda, consistente com nossa projeção de deflação na proteína no para o próximo mês.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou queda de -0,07% m/m em agosto, após alta de 0,27% m/m em julho, movimento semelhante ao observado no IPCA-15. Apesar da deflação, a leitura não é necessariamente benigna: os principais vetores baixistas foram energia elétrica (impactada pelo bônus de Itaipu), passagens aéreas e gasolina. Por outro lado, a alimentação fora do domicílio exerceu pressão altista, sugerindo que a desaceleração inflacionária ainda não decorre de forma clara de um arrefecimento da demanda agregada e se caracterizando como um fator de risco importante para os próximos meses, devido o pagamento de precatórios.

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) avançou 0,70% em agosto, após alta de 0,91% em julho. Tanto o grupo de serviços quanto o de mão de obra apresentaram arrefecimento, conferindo um tom qualitativamente mais benigno ao resultado do grupo. Ainda assim, será importante acompanhar as próximas divulgações para avaliar a consistência desse movimento.

Em síntese, o IGP-M de agosto apresentou dinâmica distinta da observada nos meses anteriores. No IPA, a contribuição baixista dos alimentos tende a perder intensidade, reduzindo seu papel no processo de desinflação, mesmo em um cenário de câmbio mais apreciado. Nos preços industriais, o risco é semelhante, à luz do avanço mais expressivo em agosto. Até aqui, ambos têm sido relevantes para o arrefecimento do IPCA. Já o IPC reforça que a transmissão da política monetária via desaquecimento da demanda ainda não apresenta sinais consistentes, sobretudo no mercado de trabalho e na inflação de serviços.

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