Em dezembro, o Índice Geral de Preços (IGP-M) avançou 0,45% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), sendo essa a primeira variação positiva do índice depois de quatro meses consecutivos de deflação. O resultado do mês foi consideravelmente menor do que o esperado pela mediana do mercado (0,58% m/m, Broadcast). Novamente, o IGP-M teve como maior contribuição para a sua variação mensal o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M). Com esse número, o índice geral fechou o ano com alta acumulada de 5,45%, uma redução considerável em relação a 2021, quando o avanço foi de 17,78%.
No mês, a reviravolta no IPA-M, que saiu de deflação de 0,94% no mês passado para inflação de 0,47% agora em dezembro, deveu-se ao IPA industrial que subiu 0,92%, ante queda de 0,74% em novembro. Com isso, o IPA-M se junta ao IGP-M e deixa para trás quatro quedas mensais seguidas no índice. Olhando o IPA por estágios de processamento, as Matérias-Primas Brutas reverteram a queda de 2,86% em novembro, avançando 2,09% no último mês do ano. Os itens que mais contribuíram para isso foram: minério de ferro (-8,01% para 16,32%), bovinos (-2,20% para 1,55%) e café em grão (-20,97% para 0,40%). Os Bens Intermediários continuaram apresentando deflação em dezembro (-0,30%), sendo esse o quinto mês consecutivo de queda nos preços. A maior contribuição para este fato veio do subitem de combustíveis e lubrificantes para a produção, que saiu de 0,83% em novembro para -2,26% em dezembro. Já os Bens Finais voltaram a apresentar deflação em dezembro (-0,29%) após ser o único estágio a registrar inflação em novembro (0,13%). Os alimentos processados foram os principais responsáveis por esse movimento, com a taxa de variação saindo de 0,01% para -0,47% do mês passado para o atual.
Após avançar 0,64% em novembro, o índice de preços ao consumidor (IPC-M) continuou a registrar crescimento em dezembro, só que a uma taxa um pouco menor (0,44%). Contribuíram para essa desaceleração os grupos de Vestuário (0,67%, ante 0,83%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,37%, ante 1,00%), Educação, Leitura e Recreação (-0,26%, ante 0,60%), Transportes (0,31%, ante 0,79%) e Despesas Diversas (0,08%, ante 0,14%). Nessas categorias os destaques foram para os itens de gasolina (0,18%, ante 1,58%), passagem aérea (-1,71%, ante 2,07%) e calçados (-0,12%, ante 1,35%).
Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) seguiu na sua tendência de alta e se elevou 0,27% em dezembro após ter aumentado 0,14% em novembro. Pela construção civil ser um setor mais sensível aos ciclos da política monetária, o fato da taxa básica de juros (Selic) se encontrar em patamar elevado começa a pesar sobre os custos do setor, o que pode ser visto no grupo de Materiais e Serviços, que apresentou o primeiro avanço de preços em dezembro (0,38%) depois de três meses seguidos de deflação. O fato de o Caged de novembro ter reportado o fechamento de 18,8 mil postos de trabalho na construção civil também reflete esse cenário econômico de condições financeiras mais restritivas. Com isso, o grupo Mão-de-obra interrompeu a trajetória de três meses de aceleração em sequência e avançou apenas 0,16% em dezembro.