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Publicado em 27 de Dezembro às 16:54:08

IGP-M (dez/24): Histórias parecidas, mas com importantes diferenças

Em dezembro, o Índice Geral de Preços (IGP-M) registrou variação de 0,94% m/m, desacelerando em relação ao mês anterior (1,30% m/m) e abaixo das expectativas de mercado (1,07% m/m). O índice encerra o ano de 2024 com alta de 6,54%, acima da nossa expectativa para o IPCA (4,9% m/m).

O IGP-M de dezembro traz características similares de composição com o IPCA15 do mesmo mês, mas também levanta outros questionamentos sobre diferenças metodológicas de coleta. Proteínas e in-naturas seguem contando histórias parecidas em ambos os índices, mas aluguel e condomínio contam histórias opostas. No IPCA, esses itens seguem registrando uma lenta e persistente alta, já no IGP queda e com bastante volatilidade. O IGP parece corroborar a visão inflacionária do mercado de trabalho através do INCC. Serviços como pedreiro e eletricista seguem sendo os principais propulsionadores altistas. O impacto cambial segue se mostrando presente em algumas commodities.

O índice de preços ao produtor amplo (IPA-M) subiu 1,21% m/m, arrefecendo em relação à alta do mês anterior (1,74% m/m). Entre os componentes baixistas, destacam-se itens in-natura, bem como algumas commodities como soja e milho em grão. Se os insumos do IPA antecedem a cesta de consumo final do IPCA, espera-se continuidade de baixa nos in-natura observada no IPCA15 de dezembro. No lado altista, destacam-se bovinos, aves, minério de ferro e café em grão. O IPA de dezembro segue corroborando nossa avaliação de efeitos substituição na cesta de consumo para as proteínas, arrefecendo a alta das carnes bovinas e direcionamento para aves e outras proteínas. Bovinos desaceleram de 13,57% para 2,50%, aves registram aumento de 0,34% m/m para 2,44% m/m e ovos aumentam de 0,07% para 8,01% m/m.

O índice de preços ao consumidor (IPC-M) mostrou leve aceleração, com variação de 0,12% m/m em dezembro, um pouco acima do mês anterior (0,07% m/m). No lado baixista, temos tarifa de eletricidade residencial (bandeira amarela para verde), in-naturas e perfume. Esse movimento é consistente com nossa surpresa baixista em in-naturas e perfume no IPCA15 de dezembro. No segmento altista, estão os cigarros (aumento de imposto em novembro) e algumas proteínas, com carnes em estabilização e frangos em trajetória ascendente, também em linha com o IPCA15.

Chamamos atenção para aluguel e condomínio residencial, itens com bastante volatilidade no IGP e que apresentam certa estabilidade no IPCA. No IPCA15, estes itens registraram variação de 0,73% m/m e 0,23% m/m em dezembro, enquanto no IGP foram de -0,77% m/m e -1,03% m/m, respectivamente. Vale a pergunta se há relação estrutural entre ambas as coletas. Devido ao peso elevado desses itens no IPCA, essa diferença na margem levanta uma preocupação em relação a direção nos próximos meses. O IGP também indica alguns itens de higiene pessoal com pressão na ponta, enquanto o IPCA15 sugere queda nos mesmos. O IGP corrobora nossa projeção de alta para higiene pessoal nos próximos IPCAs.

O índice nacional de custo da construção (INCC-M) registrou alta de 0,51% m/m, acelerando em relação ao mês anterior, que apresentava alta de 0,44% m/m. Nos destaques baixistas, estão insumos industriais como cimento e impermeabilizantes, uma tendência similar ao observado em alguns bens industriais no IPCA. Já no lado altista, destacamos alguns serviços como bombeiro, pedreiro e eletricista, em linha com nossa surpresa nos serviços intensivos em trabalho no IPCA15. Esse impacto corrobora a narrativa de um mercado de trabalho apertado, impulsionando uma dinâmica inflacionária nos serviços, categoria com bastante indexação e, portanto, com tendências lentas e de difícil reversão.   

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