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Publicado em 30 de Dezembro às 14:48:41

IGP-M (Dez/25): Índice encerra 2025 com deflação de -1,05%

Em dezembro, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) recuou 0,01% na comparação mensal, ligeiramente abaixo da nossa projeção (0,09% m/m) e das expectativas de mercado. Na métrica anual, o índice encerra o ano de 2025 acumulando uma deflação de -1,05%, também abaixo da nossa expectativa de -0,9% a/a. A queda acumulada no ano é explicada exclusivamente pelo IPA, indicando que pode ser atribuída a menores custos de produção, em um contexto de desaceleração da atividade global e de elevado nível de incertezas. Assim como observado no IPCA, os preços ao consumidor seguiram pressionados, em especial nos grupos de habitação e serviços.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) registrou recuo de -0,12% m/m, apresentando nova inflexão em relação ao resultado anterior (0,27% m/m). Assim como foi uma característica ao longo de 2025, os produtos agropecuários continuaram registrando deflação, enquanto os produtos industriais seguiram avançando na margem. Conforme mencionado no relatório anterior, esse resultado sugere que a maior parte do efeito desinflacionário da apreciação cambial já ocorreu. Entre as maiores influências altistas do grupo, destacou-se a carne bovina. Por outro lado, nossas coletas no atacado apontam desaceleração da arroba do boi na BM&F. Além disso, insumos para a agropecuária, como milho e farelo de soja, continuam acelerando, sugerindo aumento de custos para essa indústria. Já entre os principais vetores baixistas do mês destacaram-se café e ovos, ambos itens de peso relevante no IPCA e que têm se mostrado benignos no final do ano, apesar de altas consideráveis em meados de 2025. No caso do café, o efeito das retiradas das tarifas norte-americanas ainda não se concretizou plenamente ao nível do produtor. Assim, o resultado corrobora nossa call de alimentos mais baixos para o final de 2025, que vem se concretizando principalmente por meio dos produtos in natura, com itens relevantes atuando como principais vetores de queda no mês.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,24% m/m, mantendo relativa estabilidade em relação a novembro, quando registrou alta de 0,25% m/m. A leitura foi bastante similar à do IPCA-15, com contribuição relevante de passagens aéreas e refeições em bares e restaurantes (proxy para alimentação fora do domicílio). Neste mês, ambos seguiram na mesma direção, diferentemente do descompasso observado em outubro, configurando um risco adicional para os serviços nos próximos meses, uma vez que as duas métricas passaram a apontar na mesma direção. Entre os itens de influência baixista, destacam-se vestuário (blusa feminina), possivelmente refletindo um efeito tardio da Black Friday, assim como móveis para residência.

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) registrou alta de 0,21% m/m, ante avanço de 0,28% no mês imediatamente anterior. Diferentemente dos últimos dois meses, o componente de mão de obra avançou de forma significativamente superior aos insumos, o que pode representar apenas um ruído estatístico ou sinalizar que o mercado de trabalho segue resiliente nesse setor, apesar do fechamento de vagas observado no Caged de outubro para a construção civil.    

O resultado de dezembro do IGP-M segue corroborando custos mais baixos para o produtor, com a deflação anual explicada principalmente pelo IPA. Em contrapartida, os preços ao consumidor seguem pressionados, especialmente em serviços, enquanto a queda dos alimentos, sobretudo in natura, tem contribuído para aliviar a inflação no curto prazo.

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