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Publicado em 30 de Janeiro às 14:38:20

IGP-M (jan/24): índice vem próximo do piso das estimativas e inflação ao consumidor continua centrada em poucos itens

Em janeiro, o Índice Geral de Preços (IGP-M) avançou 0,07% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), vindo próximo ao piso das projeções (0,05% m/m, Broadcast+). Com este resultado, o índice acumula deflação de 3,32% nos últimos doze meses e demonstra um significativo arrefecimento em relação ao número registrado no mês imediatamente anterior (0,74% m/m). O número de janeiro refletiu o fato da contração de 0,09% m/m do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) ter sido compensada pela aceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), que saiu de 0,14% m/m para 0,59% m/m, e que passou, depois de vários meses do maior impacto vindo do IPA-M, a ser o grupo com a maior contribuição mensal para a variação do IGP-M.

A principal contribuição para a deflação observada no IPA-M veio dos produtos industriais (-0,29% m/m, ante 0,24% m/m), apesar da alta dos produtos agrícolas ter arrefecido bastante, de 3,07% m/m para 0,49% m/m. Olhando o IPA por estágios de processamento, as Matérias-Primas Brutas abandonaram a forte alta registrada em dezembro e avançaram apenas 0,49% m/m. Essa forte redução registrada na taxa de variação se deveu principalmente ao movimento de queda de alguns itens como: milho em grão (de 11,30% m/m para 6,22% m/m), minério de ferro (de 4,63% m/m para 2,87% m/m) e soja em grão (de 2,03% m/m para -5,98% m/m). Os Bens Intermediários, por sua vez, aprofundaram a deflação na passagem de dezembro para janeiro, saindo de -0,74% m/m para -1,62% m/m. Mais uma vez, a maior contribuição para isto veio do subitem de combustíveis e lubrificantes para a produção, que saiu de -2,77% m/m para -6,73% m/m no mesmo período. Já os Bens Finais registram uma leve aceleração da taxa de inflação (1,06% m/m, ante 0,86% m/m). Desta vez, o principal fator de contribuição foram os alimentos processados ao invés dos alimentos in natura, com a taxa de variação mensal daqueles saindo de 0,92% m/m para 1,19% m/m.

O IPC-M apresentou uma aceleração no seu ritmo de alta na passagem de dezembro para janeiro, com o avanço de 0,14 m/m dando lugar a uma alta de 0,59% m/m. Os itens que se destacaram pelo acréscimo nas suas taxas de variação foram: hortaliças e legumes (12,41% m/m, ante 2,65% m/m) e cursos formais (4,78% m/m, ante 0,00% m/m). Já pelo lado dos itens que apresentaram decréscimo nas suas taxas de variação, se sobressaíram: aluguel residencial (-0,88% m/m, ante 0,51% m/m) e tarifa de táxi (-2,20% m/m, ante 6,89% m/m).

Já o INCC-M viu a sua taxa de variação permanecer praticamente inalterada na passagem de dezembro para janeiro, com a alta de 0,26% m/m dando lugar a um avanço de 0,23% m/m. Os grupos de Mão de Obra (0,42% m/m, ante 0,23% m/m) e Serviços (0,20% m/m, ante 0,09% m/m) apresentaram aumento nas suas taxas de variação, enquanto o grupo de Materiais e Equipamentos (0,09% m/m, ante 0,30% m/m) foi o único a apresentar decréscimo. A continuidade do ciclo de afrouxamento monetário por parte do Banco Central ao longo desse ano deve beneficiar o setor da construção civil, mas um ponto negativo à frente é que ele deve passar a enfrentar custos de mão de obra cada vez mais altos por conta do mercado de trabalho mais pressionado, o que já vem aparecendo tanto na rubrica do IPCA de serviços intensivos em mão de obra como também na métrica de mão de obra do próprio INCC-M.

Por fim, temos que a desaceleração do ritmo de alta dos preços de grupos e itens importantes ao nível do produtor podem resultar em um arrefecimento da inflação de alguns alimentos ao nível do consumidor mais à frente, inflação essa que tem sofrido pressão altista desde novembro vinda justamente de algumas categorias de alimentos. Isso impõe um viés baixista para a projeção de alta de 4,00% do IGP-M em 2024, o que, por sua vez, tem impacto direto sobre as perspectivas de arrecadação do governo para o ano. Como a arrecadação reage mais ao IGP-M e as despesas do governo são corrigidas pelo IPCA, uma mudança de preços relativos entre esses dois índices de inflação deve ser um fator a mais, além da desaceleração da economia, a pressionar a arrecadação e a razão dívida/PIB em 2024.

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