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Publicado em 28 de Julho às 12:44:49

IGP-M (jul/23): Índice Geral de Preços continua a registrar deflação

Em julho, o Índice Geral de Preços (IGP-M) contraiu 0,72% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), quase em linha com a mediana do mercado (-0,74% m/m, Broadcast+). Com este resultado, o índice acumula uma taxa de -5,15% no ano e registra -7,72% em doze meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) continuou a apresentar deflação em julho, ainda que menos intensa do que a vista nos três meses anteriores, recuando 1,05% m/m. Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) reverteu a deflação observada em junho e avançou 0,11% m/m. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), depois de três meses seguidos de aceleração no ritmo de alta de preços, avançou apenas 0,06% m/m em julho.

A composição do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) que levou à retração no mês de julho foi bem parecida com a de junho, embora os grupos responsáveis por isso tenham contribuído numa intensidade menor. O resultado do IPA agrícola saiu de -4,36% m/m para -1,87% m/m, enquanto o IPA industrial registrou -0,75% m/m, ante -2,12% m/m. O primeiro foi novamente impactado por commodities alimentícias importantes como milho (-4,95%, ante -14,85%) e suínos (3,46%, ante -7,03%), enquanto o segundo teve o seu abrandamento puxado pelo minério de ferro, que passou a apresentar variação positiva (2,96%, ante -2,21%). Olhando o IPA por estágios de processamento, as Matérias-Primas Brutas continuaram a apresentar deflação, ainda que menos intensa, com a queda de 4,10% m/m vista em junho dando lugar a uma contração de apenas 0,90% m/m em julho. Os Bens Intermediários seguiram a mesma tendência, saindo de -2,88% m/m para -1,19% m/m no mesmo período. Novamente, a maior contribuição para isto veio do subitem de combustíveis e lubrificantes para a produção, que saiu de -11,44% para -1,13% na passagem de junho para julho. Já os Bens Finais registraram em julho deflação muito similar com a vista em junho (-1,06% m/m, ante -1,22% m/m). Os combustíveis para o consumo foram, mais uma vez, o principal fator de contribuição, com a taxa de variação mensal saindo de -10,56% para -7,71%.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) reverteu a deflação do mês passado e voltou a apresentar inflação assim como o observado nos oito meses anteriores a junho. Os grupos que compõe o IPC-M apresentaram comportamento misto, com quatro das oito classes de despesa registrando aumento nas suas taxas de variação. Foram elas: Alimentação (-0,15% m/m, ante -0,33% m/m), Educação, Leitura e Recreação (1,15% m/m, ante -0,55% m/m), Transportes (0,70% m/m, ante -1,68% m/m) e Despesas Diversas (0,50% m/m, ante 0,32% m/m). Dentre esses componentes, os itens que se sobressaíram foram: gasolina (3,65% m/m, ante -3,00% m/m), hortaliças e legumes (2,52% m/m, ante -1,56% m/m), passagem aérea (5,88% m/m, ante -3,87% m/m) e serviços bancários (0,63% m/m, ante 0,00% m/m). Por outro lado, os grupos de Habitação (-0,61% m/m, ante 0,41% m/m), Vestuário (0,00% m/m, ante 0,42% m/m), Saúde e Cuidados Pessoais (0,05% m/m, ante 0,41% m/m) e Comunicação (0,10% m/m, ante 0,14% m/m) apresentaram decréscimo nas taxas. Nessas categorias, os destaques foram para os itens de energia elétrica residencial, que saiu de 1,37% m/m para -2,83% m/m, roupas (que saíram de 0,39% m/m para -0,02% m/m), artigos de higiene (que saíram de 0,07% m/m para -0,68% m/m) e tarifa de telefonia móvel (que saiu de 0,20% m/m para 0,00%).

Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) deixou para trás três meses seguidos de aceleração da taxa de variação, recuando de 0,85% m/m para 0,06% m/m na passagem de junho para julho. Esse resultado foi puxado por dois dos três grupos que compõe o INCC: Mão de Obra (0,38% m/m, ante 1,81% m/m) e Materiais e Equipamentos (-0,26% m/m, ante -0,15% m/m). Como a construção civil é um setor intensivo em capital, o ciclo de afrouxamento monetário que se aproxima faz com que as perspectivas futuras sejam de um alívio nos custos do setor. O grupo de Serviços foi o único a apresentar aceleração, saindo de 0,18% m/m em junho para 0,77% m/m em julho.

O fato de o Índice de Preços ao Produtor Amplo ter sido novamente o grupo com a maior contribuição para a variação mensal do Índice Geral de Preços reforça a tese de que as pressões de custos continuam a fornecer um vento favorável para o processo de desinflação dos preços ao nível do consumidor. A deflação que ainda é registrada pelo IPA Agrícola confirma o bom momento que vive o setor agropecuário. Além disso, a criação de um estoque regulador de alimentos por parte do governo deve contribuir para diminuir a volatilidade de preços. Por outro lado, a ocorrência do fenômeno climático de um El Niño mais forte pode vir a impactar negativamente a oferta de alguns alimentos, revertendo o movimento de alívio dos preços. Por fim, a expectativa de expansão de projetos de infraestrutura como o Minha Casa Minha Vida e a retomada de outras obras públicas nos próximos meses na esteira do lançamento do Novo PAC (programado para agosto), intensivos em mão-de-obra, pode ocasionar numa eventual escassez de trabalhadores para esse setor, o que geraria pressões, principalmente sobre os componentes do Índice Nacional de Custo da Construção, retardando o processo de desinflação.

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