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Publicado em 30 de Julho às 10:02:03

IGP-M (jul/24): Número negativo, apesar da intensa ajuda dos in-natura

Em julho, o Índice Geral de Preços (IGP-M) registrou variação de 0,61% m/m, segundo a Fundação Getúlio Vargas, acima da nossa projeção de 0,44% m/m e da variação de 0,81% m/m do mês anterior. A leitura também ficou acima da mediana de mercado (0,47% m/m). Com este resultado, o índice acumula alta de 1,71% no ano e de 3,82% nos últimos 12 meses.

Em nossa visão, número com qualitativo e quantitativo negativos. Depreciação cambial e reajuste de preços administrados impulsionam alta, mas deveria estar incluído na mediana de mercado. Queda nos produtos in natura freou substancialmente uma surpresa altista ainda maior. Serviços seguem com variações em níveis elevados, especialmente as associadas aos custos de construção. Em nossa visão, serviços são bem sensíveis às condições de demanda, e reforçam a perspectiva de uma demanda aquecida, que deve seguir pressionando a inflação nesse ano e no próximo.

O IPA-M variou 0,68% m/m, desacelerando em relação ao comportamento de junho (0,89% m/m). Os bens finais caíram 0,02% m/m, corrigindo a intensa alta de junho (+1,08% m/m). Essa reversão deve-se ao grupo de in natura ao produtor, cuja taxa passou de 3,00% m/m para -4,43% m/m. Os bens intermediários aceleraram de 0,42% m/m em junho para 0,91% m/m em julho, impulsionados por combustíveis e lubrificantes para a produção, possível reflexo da depreciação cambial e do ajuste de preços das refinarias. As matérias-primas brutas registraram variação semelhante ao mês anterior, passando de 1,25% m/m para 1,14% m/m em julho. Os principais contribuidores dessa alta são o minério de ferro, bovinos e laranja. Soja, milho e arroz em casca registraram quedas significativas.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) registrou variação de 0,30% m/m, recuando em relação à taxa de 0,46% m/m observada em junho. O maior impacto veio do grupo de alimentação, cuja taxa saiu de 0,96% m/m em junho para -0,84% m/m em julho. Mais uma vez, os produtos in natura lideraram esse movimento, com destaque para hortaliças e legumes. Artigos de higiene pessoal e roupas também mostraram variações negativas em julho, passando de 1,84% m/m e 0,41% m/m para -0,11% m/m e -0,42% m/m, respectivamente. Do lado altista, passagens aéreas (12,06% m/m), gasolina (1,60% m/m) e serviços bancários (2,44% m/m) foram os destaques. Estes apresentaram variação muito similar à registrada no IPCA-15 de julho, mas os serviços bancários mostraram uma aceleração muito mais intensa, sugerindo pressão no item no IPCA de julho. Vale pontuar que serviço bancário é um item de bastante peso no IPCA e incluso em serviços subjacentes, medida acompanhado de perto pelo Banco Central.

Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou uma alta de 0,69% m/m, valor inferior à taxa de 0,93% m/m observada em junho. O destaque vai para a aceleração de serviços, que subiu de 0,29% m/m em junho para 0,65% m/m em julho. Apesar desse comportamento, a mão de obra arrefeceu, passando de 1,61% m/m para 0,85% m/m. Note que, apesar do arrefecimento, o nível de variação se encontra muito elevado, sugerindo apenas uma possível correção da taxa extremamente elevada de junho.

Vemos o número como negativo. Alimentos in natura escondem maior pressão em itens importantes, como serviços no consumo e na construção civil. A queda dos in natura é sazonal e impulsionada por possíveis normalizações do evento no Rio Grande do Sul, que foi responsável por altas significativas na categoria. Lembrando que in natura e arroz já vinham de elevadas altas antes mesmo do impacto do Sul, devido ao intenso El Niño do começo do ano que ampliou as condições desfavoráveis sazonais no primeiro trimestre, dificultando separar o que está causando o quê.

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