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Publicado em 30 de Julho às 18:35:59

IGP-M (Jul/25): Produtos agrícolas permanecem em tendência de queda  

O IGP-M de julho apresentou variação de -0,77% m/m, acima da nossa expectativa (-0,89% m/m) e da mediana do mercado (-0,88% m/m). Em 12 meses, o índice acumula alta de 2,96%, enquanto no ano registra queda de -1,70%.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) recuou -1,29% m/m, queda de menor magnitude em relação à observada em junho (-2,53% m/m). O principal vetor dessa retração foram, novamente, os produtos agropecuários, ainda que com recuo menos intenso que no mês anterior — comportamento também verificado nos produtos industriais. A queda dos preços agropecuários está em linha com a sazonalidade típica do período, reforçada neste ano pelo bom desempenho das safras, câmbio mais apreciado e commodities em baixa. Entre os itens com maior contribuição negativa, o destaque vai para o café (–22,52% m/m), sugerindo intensa queda no item para as próximas leitura de IPCA. Por outro lado, a carne bovina voltou a acelerar, em linha com nossa revisão altista após surpresa altista no IPCA-15. Na mesma direção, o mamão também foi destaque de alta, com avanço superior a 30% no mês, devendo pressionar o grupo in natura nas próximas leituras. Em nossa avaliação, os impactos da tarifa comercial é um vetor baixista nos alimentos, liderados por café e carne.

Os produtos industriais caem em menor intensidade do que o registrado no mês anterior, sugerindo esgotamento na tendência de queda. A recente queda nos preços dos produtos industriais é reflexo da apreciação cambial e pela queda nas commodities no primeiro semestre do ano. Vemos baixo impacto da guerra comercial no grupo, devido às diversas exceções a aplicação da tarifa nos segmentos industriais.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,27% m/m em julho, acima da variação de 0,22% m/m registrada em junho. O principal destaque foi a reaceleração, ainda que marginal, do grupo alimentação, mesmo diante da queda em alguns itens in natura. O grupo vestuário, por sua vez, apresentou recuo, em linha com a surpresa baixista observada no IPCA-15, reforçando a leitura de que os industriais seguem com comportamento mais benigno. Além disso, observou-se nova deflação no item seguro facultativo para veículos, já em queda desde junho, indicando que, além de alimentação e industriais, também há itens no setor de serviços exercendo pressão desinflacionária. Mais importante ainda, um item do grupo de serviços subjacentes, métrica acompanhada de perto pelo Banco Central.

O segmento da construção civil manteve trajetória lateralizada, com variação passando de 0,96% em junho para 0,91% em julho. Segundo o IBRE, a menor ocorrência de reajustes salariais ligados a dissídios tem reduzido a pressão sobre os custos com mão de obra, resultando em desaceleração nos custos da construção. Apesar disso, o nível de variação é bem elevado e chama atenção para as próximas leituras.

O IGP-M de julho reforça a tendência de desaceleração nos preços de alimentos e sustentação de um preço relativo dos industriais mais baixo. Por outro lado, o canal de transmissão da política monetária, via desaceleração da demanda, ainda não apresenta sinais claros de efetividade, notadamente no mercado de trabalho e a inflação de serviços como um todo.

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