Em novembro, o Índice Geral de Preços (IGP-M) avançou 0,59% m/m segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), superando a alta de 0,50% m/m registrada em outubro. Com este resultado, o índice acumula uma taxa de -3,89% no ano e registra -3,46% em doze meses. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) continuou a acelerar em novembro, avançando 0,71% m/m. Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) seguiu a mesma tendência de alta, deixando para trás a taxa de variação mensal de 0,27% m/m em outubro e avançando 0,42% m/m em novembro. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) continuou a arrefecer, saindo de 0,20% m/m para 0,10% m/m no mesmo período.
A composição do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) que levou à expansão no mês de novembro foi similar a observada em outubro, com a maior alta continuando a ser registrada pelos produtos industriais (0,71% m/m), embora os produtos agrícolas tenham deixado a deflação para trás e avançado em ritmo similar (0,69% m/m). Olhando o IPA por estágios de processamento, as Matérias-Primas Brutas continuaram a registrar inflação, avançando 0,97% m/m em novembro. Essa taxa de variação similar a observada em outubro se deveu principalmente ao movimento de alta de alguns itens como o café em grão (6,36% m/m, ante -1,60% m/m) terem contrabalançado o arrefecimento de outros como foi o caso do minério de ferro (1,14% m/m, ante 4,91% m/m) e dos bovinos (2,03% m/m, ante 6,97% m/m). Os Bens Intermediários, por sua vez, aceleraram na passagem de outubro para novembro, saindo de 0,69% m/m para 1,23% m/m. Mais uma vez, a maior contribuição para isto veio do subitem de combustíveis e lubrificantes para a produção, que saiu de 2,32% m/m para 3,90% m/m no mesmo período. Já os Bens Finais saíram de uma inflação modesta (0,06% m/m) para uma deflação também moderada (-0,14% m/m). Desta vez, o principal fator de contribuição foram os combustíveis para o consumo, com a taxa de variação mensal saindo de 0,05% m/m para -3,32% m/m.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) acelerou na passagem de outubro para novembro, com o avanço de 0,27% m/m dando lugar a um de 0,42% m/m. Dos oito grupos que compõe o IPC-M, quatro apresentaram acréscimo nas suas taxas de variação. Foram eles: Alimentação (0,58% m/m, ante -0,39% m/m), Habitação (0,20% m/m, ante 0,19% m/m), Saúde e Cuidados Pessoais (0,29% m/m, ante 0,21% m/m) e Despesas Diversas (1,29% m/m, ante 0,06% m/m). Dentre esses componentes, os itens que se sobressaíram foram: hortaliças e legumes (7,58% m/m, ante -2,46% m/m), tarifa de eletricidade residencial (0,97% m/m, ante -0,03% m/m), salão de beleza (0,62% m/m, ante 0,13% m/m) e serviços bancários (2,19% m/m, ante 0,12% m/m). Por outro lado, os grupos de Vestuário (0,09% m/m, ante 0,15% m/m), Educação, Leitura e Recreação (2,05% m/m, ante 2,99% m/m), Transportes (-0,25% m/m, ante -0,12% m/m) e Comunicação (-0,05% m/m, ante 0,07% m/m) apresentaram decréscimo nas taxas. Nessas categorias, os destaques foram para os itens de gasolina (-1,83% m/m, ante -0,91% m/m) e passagem aérea (11,44% m/m, ante 19,70% m/m).
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) viu a sua taxa de variação cair pela metade na passagem de outubro para novembro, com a alta de 0,20% m/m dando lugar a um avanço de apenas 0,10% m/m. Ao contrário do observado em outubro, os grupos de Materiais e Equipamentos (-0,17% m/m, ante 0,07% m/m) e Serviços (0,39% m/m, ante 0,79% m/m) apresentaram diminuição nas suas taxas de variação, enquanto o grupo de Mão de Obra (0,42% m/m, ante 0,29% m/m) foi o único a apresentar acréscimo. Por um lado, o setor, como é intensivo em capital, deve continuar a se beneficiar da continuidade do ciclo de cortes na taxa de juros por parte do Banco Central, mas por outro deve passar a enfrentar custos de mão de obra cada vez mais altos por conta do mercado de trabalho mais pressionado, o que já vem aparecendo tanto na rubrica do IPCA de serviços intensivos em mão de obra como também na métrica de mão de obra do próprio INCC. Uma outra fonte de alívio de custos para o setor deve vir do fato de que, como os ciclos da construção civil tendem a coincidir com os ciclos da atividade econômica do país, e como este já iniciou o processo de desaceleração, um cenário de maior pujança para a construção civil à frente deve ser limitado por isso.
O fato de o IPA-M ser o grupo de maior peso no IGP-M e ter registrado o quinto mês consecutivo de aumento na sua taxa de variação, sendo o terceiro seguido de inflação, reforça a tese de que a pressão sobre os preços de alguns insumos, que já haviam passado pelo processo de desinflação, pode retardar e até ameaçar interromper o processo de desinflação mais amplo que vinha sendo observado até agora. A alta registrada no preço de importantes commodities alimentícias como o farelo de soja (5,41% m/m, ante 0,51% m/m) e o café em grão (6,36% m/m, ante -1,60% m/m) deve alcançar rapidamente o grupo de alimentação tanto do IPC-M como do IPCA, grupo esse que vinha sendo um dos principais responsáveis pela moderação da alta inflação ao consumidor no ano até aqui. As chuvas na região sul do país contribuíram para gerar um choque de oferta negativo sobre alguns alimentos, principalmente aqueles in natura, com os seus efeitos já alcançando os preços. Isso é apenas uma mostra da inflação de alimentos que o Brasil pode experimentar no ano que vem caso a expectativa de um El Niño mais forte se concretize.