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Publicado em 27 de Novembro às 18:37:36

IGP-M (Nov/25): Preços ao produtor amplo voltam a reacelerar

Em novembro, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) avançou 0,27%, em linha com a nossa projeção e ligeiramente abaixo das expectativas de mercado (0,28% m/m). Com esse resultado, o índice acumula queda de 1,03% no ano e de -0,11% nos últimos 12 meses.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) avançou 0,27% m/m, apresentando inflexão ante o resultado de outubro (-0,59% m/m). Em novembro, tanto os produtos industriais quanto os agropecuários voltaram a registrar avanço, sugerindo que a maior intensidade do repasse cambial já ocorreu e que a base de câmbio agora deve estar mais baixa, como também observado no IPCA-15 de novembro. Apesar da inflexão na métrica mensal, o interanual continua a registrar valor negativo (-3,23% a/a). Entre as maiores influências para o avanço do grupo, destacou-se a carne bovina. Por outro lado, nossas coletas de atacado apontam desaceleração da arroba do boi na BM&F. Ainda assim, o possível aumento de volume das exportações aos EUA, após a retirada das tarifas neste mês, representa um risco altista para o item nos próximos meses. Além disso, a soja, um dos insumos para a agropecuária, acelerou, apontando para um aumento de custos para o produtor como possível resultado de incertezas climáticas (https://tinyurl.com/4hc68jhm). Na mesma linha, o café volta a apresentar avanço e nossas coletas de atacado sugerem que essa alta não deve se consolidar como tendência, embora a retirada das tarifas norte-americanas gere um risco altista nos próximos meses. Ainda assim, esse resultado parece corroborar nossa call de alimentos mais baixos para o final de 2025, muito puxada por in natura, com itens importantes ainda atuando como principal vetor de queda no mês.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 0,25% m/m, voltando a acelerar após avanço menos intenso de 0,16% em outubro. A leitura foi muito similar à do IPCA-15, com itens mais voláteis, como passagens aéreas e itens de higiene pessoal, entre as maiores contribuições. Em outubro, observou-se um descompasso entre alimentação fora do domicílio no IPCA e no IPC: o item acelerava no IPC, ao mesmo tempo em que mostrava arrefecimento no IPCA. Agora, embora “bares e restaurantes” não esteja entre as maiores altas do grupo, a surpresa em serviços no IPCA-15 de novembro indica que o IPCA passou a reagir na mesma direção da alta já captada pelo IPC em outubro nesse segmento. Entre os vetores de queda, a gasolina começa a mostrar os efeitos do corte de outubro da Petrobras, em mesma magnitude do IPCA-15, reforçando o viés de um repasse limitado dos postos após o corte da Petrobrás, mas mitiga o risco de defasagem no repasse.

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) registrou alta de 0,28% m/m, ante avanço de 0,21% nos últimos dois meses imediatamente anteriores. Assim como no mês passado, mão de obra continuou a avançar menos do que os insumos, ficando relativamente mais barata para as empresas — um sinal positivo para o mercado de trabalho. Apesar de sutil, o movimento é muito positivo, em nossa avaliação, uma vez que o mercado de trabalho segue sendo a peça “restante” para o arrefecimento inflacionário, vindo em linha com o fechamento de vagas no setor de construção civil no Caged de outubro.

Em síntese, o IGP-M de novembro traz um qualitativo benigno, mas com alguns riscos. Apesar de uma aceleração branda e variação interanual e no acumulado no ano, o IPA traz riscos altistas pelo lado da oferta em carne bovina. Já o INCC trouxe sinais positivos para o arrefecimento gradual do mercado de trabalho, em meio a um cenário macroeconômico adverso.  

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