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Publicado em 30 de Outubro às 12:10:42

IGP-M (out/24): Câmbio reverte trajetória de queda de preços nas commodities

Em outubro, o Índice Geral de Preços (IGP-M) registrou variação de 1,52% m/m, segundo a Fundação Getúlio Vargas, acima das expectativas de mercado de 1,51% m/m, com intervalo de previsões entre 0,58% m/m e 1,85% m/m. A variação foi acima do observado no mês de setembro, quando havia registrado alta de 0,62% m/m. O índice acumula elevação de 4,20% no ano, e de 5,59% nos últimos 12 meses. Em outubro de 2023, o IGP-M havia registrado variação de 0,50% m/m. Em nossa visão, o número sugere impacto substancial do câmbio nos preços ao produtor, apesar da tendência de queda nas commodities agrícolas e metálicas. Pela coleta da FGV, a variação de preço nos aluguéis está significativamente mais elevada do que a coleta do IBGE.

Na leitura, o destaque vai para o índice de preços ao produtor amplo (IPA), que subiu 1,94% m/m no mês, significativamente acima da variação de setembro, onde registrava alta de 0,70% m/m. Dentro dos estágios de processamento, o grupo de Bens Finais subiu 1,36% m/m em outubro, acelerando em relação ao mês anterior, quando registrou alta de 0,69% m/m. Essa alta foi impulsionada por alimentos processados, cuja taxa passou de 1,88% m/m em setembro para 4,38% m/m em outubro. Entendemos essa alta como reflexo da pressão na ponta das carnes, que deve sustentar ritmo de variação elevada até o final do ano e tomar tendência de alta no preço relativo no próximo ano conforme virada do ciclo do boi, impulsionando também outras proteínas. O outro destaque relevante ocorre nas matérias-primas brutas, que registraram variação de 4,59% m/m em outubro, após registrar alta de 0,87% m/m em setembro. A aceleração foi causada por bovinos, minério de ferro e soja em grão.

Vemos como principal motor altista das commodities a taxa de câmbio. Nossos modelos sugerem um trimestre de defasagem no impacto da variação cambial para os preços dos alimentos e bens industriais. No caso da soja, os contratos ativos negociados em Chicago mostraram queda substancial ao longo do ano devido ao bom fundamento das condições de oferta global. O contrato futuro com vencimento em novembro saiu de U$ 10,50 o bushel no fim de setembro para U$ 9,68 no fim de outubro. O produtor brasileiro ajusta seus preços em moeda doméstica para cima, uma vez que ele tem a opção de vender no mercado internacional, negociado em dólar. No minério, o produtor que utiliza o metal como insumo, paga o preço em dólar, de forma que uma variação cambial elevada possa compensar quedas no preço internacional. Com efeito, o contrato futuro de minério de ferro com vencimento em novembro, negociado na bolsa de Cingapura, registrou queda de $ 109,81 do fim de setembro para $ 103,75 dólares ao final de outubro por tonelada. Em nossa visão, para essas duas commodities, a tendência é de continuidade na queda dos preços internacionais, mas o câmbio deve reverter esse efeito, trazendo pressão altista na inflação doméstica.

O índice preços ao consumidor (IPC) registrou variação de 0,42% m/m em outubro, acima da taxa de 0,33% m/m observada em setembro. Em nossa visão, o destaque vai para eletricidade residencial (3,76% m/m para 5,51% m/m), calçados (-0,10% m/m para 0,76% m/m) e habitação (1,00% m/m para 1,35% m/m). Vestuário surpreendeu de forma altista nossas projeções no último IPCA15, e aluguel / condomínio do IGP-M vêm sugerindo trajetórias muito acima das apontadas pelo IPCA (1,00% m/m FGV vs 0,30% IBGE). O número corrobora nossa surpresa baixista nos preços dos aluguéis e condomínios observados nos últimos IPCAs, estando mais em linha com nossas projeções.  O índice nacional de custo da construção (INCC) registrou alta de 0,67% m/m em outubro, acima da taxa de 0,61% m/m observada em setembro. O grupo segue pressionado por serviços, que registraram aceleração de 0,50% para 0,70%, e mão de obra, que sustentam um ritmo de alta elevado (0,60% m/m vs 0,64% m/m).

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