No mês de abril, o IPCA registrou variação de 0,43% m/m, em linha com nossa projeção e próximo da expectativa de mercado de 0,42% m/m (Broadcast+). Embora o headline tenha ficado em linha com a projeção, o qualitativo veio substancialmente pior do que o esperado, sugerindo que a demanda permanece aquecida e trazendo incertezas sobre o arrefecimento ao longo do ano. O resultado desfavorável foi impulsionado por itens sensíveis à demanda, tanto no grupo dos industriais quanto nos serviços, o que levanta preocupações sobre a dinâmica futura.
Os alimentos avançaram 0,83% m/m, um resultado substancialmente abaixo da nossa projeção. Os principais fatores que contribuíram para essa surpresa baixista foram o café, que exerceu uma pressão menor sobre o núcleo do que o esperado, e as carnes, que apresentaram variações menores do que o previsto. Contudo, isso está alinhado à nossa expectativa de que o arrefecimento da carne bovina será menos acentuado do que o antecipado, enquanto o frango continua a puxar as proteínas. Já os alimentos in natura sofreram pressão baixista devido ao ovo de galinha, que também veio abaixo do projetado.
Nos serviços, a composição foi significativamente pior do que o esperado. Embora tenha registrado variação de 0,20% m/m, esse número mais baixo reflete uma inflação abaixo do normal para aluguéis e passagens aéreas. Mesmo assim, os serviços subjacentes apresentaram uma surpresa de quase 20 bps, algo incomum para a categoria, acendendo um alerta. A alimentação fora do domicílio, grupo sensível à demanda, teve uma surpresa de 21 bps, puxada por lanches, enquanto os outros itens ficaram em linha com o previsto. Os serviços intensivos em trabalho também ficaram em linha, mas é importante lembrar que esse nível é incompatível até mesmo com o teto da meta, além de ser um dos grupos de inflação mais persistentes. Vale ressaltar que, apesar de o grupo ter registrado variação de 0,20% m/m, o núcleo da categoria continua bastante pressionado.
Os bens industriais também trouxeram uma surpresa altista relevante. O núcleo trouxe +20 bps de surpresa, disseminados entre os itens. O resultado veio em linha com o número e a composição forte da última PIM, com bens duráveis registrando variação muito superior à projeção, impulsionados por itens sensíveis à demanda, como eletrodomésticos, mobília e vestuário. Já os bens não duráveis ficaram próximos da projeção. Cabe lembrar que era esperado um arrefecimento da categoria devido à baixa do câmbio, corroborando que a pressão vem da demanda.
Por fim, devido às medidas subjacentes de serviços e bens industriais, a média dos núcleos veio muito acima da nossa projeção, corroborando o qualitativo negativo. O núcleo P55, que sinaliza a posição do cross-section, veio substancialmente acima, indicando que a alta é disseminada e não concentrada em poucos itens.











