Em abril, o IPCA avançou 1,06% m/m, resultado pior que o projetado pelo mercado (1,00%, Broadcast), apresentando elevação acima do esperado em todas as aberturas, exceto nos preços administrados. Esta foi a maior variação para o mês de abril desde 1996. O resultado do mês advém, em grande parte, pelo aumento nos alimentos, transportes e saúde/cuidados pessoais. Em 12 meses, a inflação acumula alta de 12,13%.
O principal impacto no mês decorreu do grupo Alimentação e Bebidas (2,06% e 0,43 p.p.), com destaque para o aumento dos alimentos para consumo no domicílio (2,59%). Houve elevação em alimentos importantes na cesta de consumo dos consumidores: leite longa vida (10%), batata inglesa (18,28%), tomate (10,2%), óleo de soja (8,24%), pão francês (4,52%) e carnes (1,02%).
Em relação aos Transportes (1,91% e 0,42 p.p.), a alta ocorreu, principalmente, pelo avanço nos combustíveis (3,2%), com destaque para a gasolina (2,48%). A gasolina possui o maior peso entre os combustíveis, impactando 0,17 p.p. o índice cheio, mas os demais combustíveis também apresentaram elevação: etanol (8,44%), óleo diesel (4,74%) e gás veicular (0,24%).
O terceiro grupo com a maior contribuição no mês foi o de Saúde e Cuidados Pessoais (1,77% e 0,22p.p.). Sazonalmente, em abril, ocorre o reajuste do preço dos medicamentos no país. Nesse ano, foi autorizado um reajuste de até 10,89%. Dessa forma, a maior contribuição para o grupo decorreu dos produtos farmacêuticos, que aumentaram 6,13%.
O único grupo a apresentar variação negativa no mês foi o de Habitação, diante da queda do preço da energia elétrica (-6,27%). No dia 16 de abril, houve mudança da bandeira tarifaria de escassez hídrica para a verde, encerrando a cobrança extra na conta de luz, em um contexto de melhora expressiva do cenário hidrológico nos últimos meses. Por outro lado, tivemos aumento do gás de botijão (3,32%) e gás encanado (1,38%).
Nossa leitura para o IPCA do mês, novamente, foi negativa: o índice avançou acima das expectativas; apresentou aceleração da taxa de difusão (de 76,1% para 78,2%), a média dos núcleos de inflação veio, mais uma vez, próxima a 1% m/m; e o preço de bens industriais continua em trajetória de elevação. Ou seja, vemos uma inflação mais persistente e disseminada entre as categorias, sem alívio da pressão sobre bens industriais, enquanto a inflação de serviços se aproxima de 7%. Nossa projeção para o IPCA ao final de 2022 é de 8,5% com viés de alta.