A variação do IPCA em dezembro foi de 0,73% m/m, resultado pior que o projetado pelo mercado (0,65%, Broadcast). Todas as categorias analisadas pelo índice subiram no mês. Em relação ao núcleo do IPCA houve desaceleração na margem de 0,95% para 0,61%, com o acumulado em 12 meses chegando a 7,16%.
Embora o resultado tenha apontada para uma desaceleração de 0,22 p.p. em relação ao mês de novembro, houve elevação no índice de difusão (% de itens que apresentam elevação no mês) que passou de 63,13% para 74,80%. Este indicador aponta para uma maior disseminação da inflação entre os segmentos analisados.
A taxa de inflação dos últimos doze meses fechou 2021 em 10,06%. Essa é a maior taxa acumulada no ano desde 2015 (10,67%). Já o INPC, que é o indexador da maior parte das despesas públicas, acumula alta de 10,16% em 2021, abaixo dos 10,96% observados nos 12 meses anteriores.
Três categorias contribuíram com mais da metade do impacto total (57,5%) no índice cheio. A maior contribuição foi de alimentação e bebidas (+17 b.p.). Em seguida, tivemos transportes (+13 b.p.). Por sua vez, habitação contribuiu com 12 b.p. A queda nos preços dos combustíveis (-0,94%) foi a principal causa da forte desaceleração observada no grupo de transportes que passou de 3,35% m/m para 0,58% m/m.
O grupo de alimentação e bebidas que passou de recuo de -0,04% m/m em novembro para alta de 0,84% m/m em dezembro. Os destaques vão para o subgrupo de alimentação no domicílio que passou de 0,04% m/m para 0,79% m/m em dezembro, cujas principais contribuições foram frutas (8,60% m/m) e carnes (1,38% m/m). Na mesma direção, a alimentação fora do domicílio passou de um recuo de -0,25% m/m para 0,98% m/m. Com o lanche e refeição apresentando alta de 1,08% m/m, contribuindo com 6 b.p. no índice do mês.
O grupo Transportes aumentou 0,58% em dezembro, impactando em 0,13 p.p. o índice cheio. Os destaques novamente ficaram com a Gasolina (-0,67% e -0,04 p.p.), Etanol (-2,96% e -0,03 p.p.), automóveis novos (1,85% e 0,06 p.p.) e passagem aérea (10,28% e 0,06 p.p.).
O terceiro maior impacto foi no grupo Habitação (0,74% e 0,13 p.p.). O resultado apresentou desaceleração em relação ao mês anterior ao passar de 1,03% para 0,74%. O índice foi impactado pela desaceleração do preço da energia (0,5% e 0,03 p.p.), aluguel residencial (0,65% e 0,02 p.p.) e condomínio (1,11% e 0,02 p.p.).
A desaceleração do IPCA em relação ao mês passado decorre do crescimento menos intenso dos preços administrados (de 2,3% para 0,05%), beneficiado pela queda nos preços dos combustíveis. Por outro lado, observamos uma aceleração dos preços livres (de 0,45% para 0,99%) em que observamos acelerações na alimentação (de 0,04% para 0,79%), em serviços (de 0,27% para 0,79%) e em produtos industriais (de 0,98% para 1,41%).
Com este resultado, fechamos o ano de 2021 com uma inflação em 12 meses de 10,06%. Os preços administrados acumularam alta de 16,90% no período diante das significativas altas na gasolina e etanol que subiram 47,49% e 62,23%, respectivamente. Além disso, o grupo habitação também contribuiu para este resultado com as altas de 21,21% na energia elétrica e 36,99% no botijão de gás. Já os preços livres acumularam alta de 7,70% no ano com a inflação de serviços em 4,75%, bens industriais em 12% e alimentação em 8,23%.