A variação do IPCA em janeiro foi de 0,54% m/m, resultado ligeiramente melhor que o projetado pelo mercado (0,55%, Broadcast). Esta foi a maior variação para o mês de janeiro desde 2016 (1,27%). Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no mês. Em relação ao núcleo do IPCA, houve uma leve desaceleração na margem de 0,90% para 0,87%, com o acumulado em 12 meses chegando a 7,88%.
Embora o resultado no índice cheio tenha apontado para uma desaceleração de 0,19 p.p. em relação ao mês de dezembro, o índice de difusão (% de itens que apresentam elevação no mês) ficou estável ao passar de 74,80% para 73,21%, apontando para a manutenção do elevado grau de disseminação das altas de preços entre os segmentos analisados.
A taxa de inflação dos últimos doze meses acumulou alta de 10,38%, acelerando em relação ao número observado no mês anterior (10,06%). Já o INPC, que é o indexador da maior parte das despesas públicas, acumula alta de 10,60% nos últimos 12 meses, acima dos 10,16% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
A categoria de alimentação e bebidas contribuiu com mais de 42% do impacto total no índice cheio (+23 b.p.). Em seguida, tivemos despesas pessoais (+8 b.p.). Por sua vez, habitação desacelerou em relação ao mês anterior e contribuiu com +3 b.p., ante +12 b.p. Na ponta negativa, temos que a queda na passagem aérea (-18,35%) e da gasolina (-1,14%) foram as principais causas da desaceleração no grupo de transportes que saiu de 0,58% m/m para -0,11% m/m.
O grupo de alimentação e bebidas passou de alta de 0,84% m/m em dezembro para 1,11% m/m em janeiro. Os destaques vão para os subgrupos de alimentação no domicílio que acelerou de 0,79% m/m em dezembro para 1,44% em janeiro, cujas principais contribuições foram as frutas (3,40% m/m) e carnes (1,32% m/m). Por outro lado, esta aceleração foi parcialmente compensada pelo recuo na alimentação fora do domicílio que saiu de 0,98% m/m para 0,25% m/m, diante da desaceleração da refeição que passou de 1,08% m/m para 0,44% m/m e do lanche que foi de 1,08% m/m para -0,41% m/m.
O grupo Transportes recuou -0,11% m/m em janeiro, impactando em -0,02 p.p. o índice cheio. Os destaques foram os recuos na passagem aérea (-18,35% m/m), que pode ser explicada pela sazonalidade de dezembro, e da gasolina (-1,14% m/m) com impactos de -11 b.p. e -8 b.p., respectivamente, refletindo os reajustes negativos aplicados nas refinarias pela Petrobras, em dezembro.
Por fim, o último destaque foi o grupo de despesas pessoais que acelerou de 0,56% m/m para 0,78% m/m, impactando o índice cheio em +8 b.p.
A desaceleração do IPCA em relação ao mês passado decorre do recuo nos preços administrados (de 0,05% para -0,35%), beneficiado pela queda nos preços dos combustíveis. Na mesma direção, observamos uma desaceleração dos preços livres (de 0,99% para 0,87%) em que observamos aceleração na alimentação (de 0,79% para 1,44%) e desacelerações em serviços (de 0,79% para 0,39%) e em produtos industriais (de 1,41% para 1,22%).