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Publicado em 09 de Fevereiro às 14:09:35

IPCA (jan/23): Inflação desacelera para 0,53% m/m, acumulando alta de 5,77% em doze meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,53% m/m em janeiro, ante 0,62% m/m em dezembro, vindo levemente abaixo da mediana (0,57%, Broadcast). Na métrica em doze meses, a redução apresentada na passagem de dezembro para janeiro foi apenas marginal, de 5,79% para 5,77%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,46% m/m em janeiro, acumulando alta de 5,71% em doze meses.

Em janeiro, os núcleos de inflação acompanhados pelo banco central apresentaram sinais truncados, sem apontar numa direção clara. Na margem, os serviços avançaram 0,60% ante 0,44%, os bens industriais 0,20% ante 1,19%, a alimentação 0,60% ante 0,71%, os bens não-duráveis 0,27% ante 1,19%, e os bens semiduráveis 0,10% ante 1,43%, enquanto os bens duráveis (os mais impactados pelos gargalos de oferta globais) registraram 0,67% ante 0,30%. Apesar dessa surpresa altista em serviços e bens duráveis, o IPCA geral veio abaixo do esperado e a média dos 5 núcleos recuou de 0,66% para 0,52%. Além disso, o índice de difusão também recuou, saindo de 68,97% para 63,13%. Por sua vez, os preços livres reduziram um pouco o seu ritmo de alta (0,47%, ante 0,74%), mas os administrados aceleraram (0,72%, ante 0,27%).

No mês de janeiro as contribuições negativas foram poucas e vieram de itens específicos dentro de grupos distintos. As maiores ocorreram no subitem perfume, que trocou um avanço de 9,02% em dezembro por uma queda de 5,86% em janeiro, com um impacto de -0,06 p.p. no IPCA cheio do mês, e na cebola, que abandonou uma inflação de 4,56% e passou para uma deflação de 22,68%, também com um impacto de -0,06 p.p. Na sequência veio o recuo apresentado no subitem transporte por aplicativo (-17,03%, impacto de -0,04 p.p.) e no gás de botijão (-1,19%, impacto de -0,02 p.p.). O grupo Vestuário voltou a apresentar contribuição mensal negativa depois de dois anos (jan/21), apresentando uma deflação modesta em janeiro (-0,27%, impacto de -0,01 p.p.).

Do ponto de vista altista, vale destacar que 8 dos 9 grupos do IPCA registraram avanços de preços em janeiro. O principal destaque foi para o grupo Alimentação e Bebidas, que avançou 0,59% no mês (impacto de 0,13 p.p.) depois de ter avançado 0,66% em dezembro. O grande destaque desse grupo foi para o subitem batata-inglesa, que acelerou fortemente na passagem de dezembro para janeiro, saindo de 1,76% para 14,14% (impacto de 0,03 p.p.). Com a segunda maior contribuição mensal veio o grupo Transportes (0,55%, impacto de 0,11 p.p.). Nesse grupo os destaques de alta foram para os subitens emplacamento e licença (1,60%) e gasolina (0,83%), que geraram, ambos, impacto de 0,04 p.p. Em terceiro ficou o grupo Comunicação, registrando um avanço de 2,09% (o maior dentre todos os 9 grupos no mês) e um impacto de 0,10 p.p., puxado pelo forte reajuste de início de ano na tv por assinatura (11,78%, impacto de 0,04 p.p.) e no combo de telefonia, internet e tv por assinatura (3,24%, impacto de 0,05 p.p.). Por fim, veio o Grupo Despesas Pessoais com alta de 0,76% e impacto de 0,08 p.p.

Nossa avaliação é que apesar da desaceleração vista no IPCA cheio de janeiro em relação ao IPCA-15 do mesmo mês e ao IPCA de dezembro, a postura de cautela do Banco Central em relação a dinâmica de preços deve continuar, uma vez que a inflação de serviços (de maior inércia) acelerou tanto na métrica mensal como no acumulado em doze meses. Além disso, a ofensiva recente de alguns atores do governo contra as reformas feitas nos últimos anos, mais notadamente a independência do banco central e a redução da meta de inflação para 3,0%, vem tendo como resultado a desancoragem das expectativas de inflação para vários prazos, o que dificulta enormemente o processo de desinflação em curso. Isso deve levar a autoridade monetária a manter a taxa Selic em 13,75% durante todo o ano de 2023 ou forçá-la até a aumentar os juros.

Para fevereiro, a sazonalidade do início de ano deve pesar sobre as mensalidades escolares e outros itens que tipicamente sofrem reajustes nesse período. Visto isso, nossa projeção preliminar para o IPCA do segundo mês do ano é de 0,78%.

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