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Publicado em 11 de Julho às 11:53:52

IPCA (jun/24): Serviços e núcleos arrefecem, sinalizando alívio

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou na passagem de maio para junho, de 0,46% m/m para 0,21% m/m, vindo abaixo da mediana das projeções de mercado (0,32% m/m, Broadcast+ e genial 0,32% m/m) e bem abaixo do piso das projeções (0,27% m/m Broadcast+). Na métrica em doze meses, o índice registra variação de 4,23% a/a, valor acima da leitura do mês imediatamente anterior (3,93% a/a). Vemos o número como positivo, uma vez que mostra arrefecimento em serviços e nos núcleos de inflação.

Em junho, a média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central cedeu de 0,39% m/m em maio para 0,23% m/m em junho. A medida veio bem abaixo do esperado pelo mercado (0,30% m/m, Broadcast+) e abaixo de nossa projeção (0,28% m/m). Isso sinaliza uma redução da aceleração de forma sistemática entre os preços. O índice de difusão, que mede a proporção de preços com variação positiva, saiu de 57,29% em maio para 52,25% em junho. No entanto, parte desse efeito é sazonal. No mesmo período do ano passado a difusão saiu de 55,97% para 49,60%.

Alimentação no domicílio registrou variação de 0,47% m/m, valor bem abaixo da mediana de mercado (0,86% m/m, Broadcast+) e abaixo de nossa projeção (0,89% m/m).  Nesse grupo, os destaques baixistas são os semielaborados, impulsionados pelo arroz, e os panificados, sendo esse último um item de bastante peso no IPCA. Os in natura também surpreenderam para baixo, mas cabe destacar o período de sazonalidade baixista bem como seus efeitos cruzados altistas com o desastre no Rio Grande do Sul. Essa surpresa baixista vai na linha do nosso cenário de que o desastre do Sul terá efeito líquido próximo a zero no IPCA de 2024.

Em bens industriais, destaca-se a surpresa baixista nos bens duráveis. Apesar de eletrodomésticos terem mostrado pressão altista conforme esperado, os automóveis e motocicletas trouxeram elevada surpresa baixista, mais que compensando essa alta.  Apesar desse número, seguimos projetando uma perca de fôlego da tendência baixista nos industriais para os próximos meses.

A leitura de serviços para o mês foi positiva. Serviços subjacentes vieram em linha com a mediana de mercado (0,36% m/m, Broadcast+) e em linha com nossa projeção (0,35% m/m). Os demais núcleos de serviços surpreenderam para baixo nossa projeção. O destaque vai para alimentação fora do domicílio, que registrou variação de 0,37% m/m enquanto esperávamos 0,47% m/m. Vemos essa categoria como uma das mais sensíveis às condições de demanda corrente, uma vez que os consumidores podem rapidamente substituir esse serviço em suas cestas de consumo caso haja perca de poder de compra, seja por aumento de preços ou diminuição de renda. A surpresa baixista traz algum alívio no segmento de serviços. Apesar do número positivo, nosso cenário continua enxergando uma pressão na categoria até o final do ano.

Administrados vieram em linha com nossa projeção (0,33% m/m). O recente anúncio de aumento de preços nas refinarias pela Petrobrás contribui com um aumento de 20bps no IPCA para o ano. Projetamos a manutenção da bandeira tarifária amarela para o resto do ano, também contribuindo com 10bps adicionais no IPCA, que anteriormente em nossa projeção seriam devolvidos em novembro. Veremos os efeitos dessas medidas nas leituras de julho e agosto.

O IPCA de junho apresentou uma composição favorável, com desaceleração significativa de todos os núcleos e medidas de inflação de serviços. No entanto, muito desse recuo pode ser justificado como efeito sazonal. Nossa projeção preliminar para o IPCA-15 e IPCA de agosto é de 0,22% m/m e 0,12% m/m, respectivamente. Para o fim do ano, nossa projeção de IPCA 4,3% para a inflação, e 4,0% para o próximo ano. Esperamos uma Selic de 10,50% m/m em 2024 e 10,25% m/m em 2025. 

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