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Publicado em 09 de Junho às 10:50:46

IPCA (maio/22): Inflação aumenta 0,47% m/m com desaceleração dos alimentos e administrados

Em maio, o IPCA avançou 0,47% m/m, resultado melhor que o projetado pelo mercado (0,60%, Broadcast). A desaceleração em relação ao mês anterior decorre dos alimentos (alimentação no domicílio) e dos itens administrados (energia elétrica), enquanto serviços avançaram e produtos industriais não apresentam arrefecimento significativo. Nos últimos 12 meses, a inflação está em 11,73%, uma queda em relação ao mês anterior (12,1%). 

O principal impacto no mês decorreu do grupo Transportes (1,34% e impacto de 0,30 p.p.), com o avanço das passagens aéreas (18,3%). Vale destacar que no caso das passagens aéreas, por questões metodológicas, a coleta de preços é feita dois meses antes, ou seja, o significativo crescimento em maio reflete o avanço nos preços ocorridos em março. Nesse sentido, as passagens aéreas foram impactadas pelo aumento de custos, com aumento dos combustíveis e pressão no lado da demanda com aumento do consumo, uma vez que havia uma demanda reprimida por transporte aéreo decorrente da pandemia. Entretanto, houve desaceleração dos combustíveis (de 3,2% para 1,0%), com destaque para gasolina. O etanol, por sua vez, apresentou taxa negativa (-0,43%), após alta de 8,44% em abril.

Além disso, houve avanço de 1,01% no grupo de Saúde e cuidados pessoais, diante do avanço dos produtos farmacêuticos (2,51%). No mês passado, foi autorizado reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos, dessa forma, os varejistas podem ter reajustado os preços de forma gradual, diluindo o efeito entre abril e maio. 

Houve forte desaceleração do grupo alimentação e bebidas (de 2,06% para 0,48%), com destaque para forte queda dos itens: Tomate (-23,7%), cenoura (-24%) e batata inglesa (-3,94%). Além disso, o único grupo que apresentou deflação no mês foi Habitação (-1,7%), sendo a segunda taxa negativa consecutiva. Esse movimento decorre da adoção da bandeira verde, em que não há cobrança adicional sobre as contas de luz.

Nesse sentido, os alimentos recuaram mais que a expectativa (de 2,59% para 0,43%) e os preços administrados apresentaram deflação (-0,51%), puxados pela queda no preço da energia elétrica residencial. Por outro lado, os serviços continuam a acelerar (de 0,66% para 0,85%), com destaque para o avanço das passagens aéreas; e os produtos industriais apresentaram leve arrefecimento na margem de 1,22% para 1,06%, porém ainda apresentam taxas historicamente elevadas. Em relação aos núcleos, houve avanço de 0,93% m/m, ante 0,95% no mês anterior, uma taxa elevada. Por outro lado, vimos queda na taxa de difusão (de 78,2% para 72,4%), sendo a taxa mais baixa dos últimos 6 meses.

Diferentemente do mês passado, nossa leitura para o IPCA de maio foi positiva, com a taxa vindo 0,13 p.p. abaixo do consenso do mercado e apresentando arrefecimento da taxa de difusão, apesar dos núcleos ainda apresentarem taxas elevadas.  É provável que abril tenha sido o pico para a taxa de inflação, que deve se consolidar com a aprovação da redução de impostos no Congresso (PEC dos Combustíveis e PLP/18). Com a aprovação do projeto e supondo hipótese de repasse integral aos consumidores, calculamos impacto de -210 pontos base no IPCA de 2022, porém aumento na inflação de 2023 (com o retorno dos tributos) em 107 pontos base.

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