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Publicado em 09 de Dezembro às 11:58:21

IPCA (nov/22): Inflação surpreende para baixo e avança apenas 0,41% m/m

O IPCA avançou bem menos em novembro do que em outubro, 0,41% ante 0,59%. Esse resultado veio bem no piso das expectativas do mercado (mediana de 0,54% e teto de 0,65%, Broadcast). Nos últimos 12 meses, o IPCA passou de 6,47% para 5,90% e acumula alta de 5,13% no ano.

No mês, houve recuo considerável na taxa de inflação de vários núcleos e classificações segundo o critério do banco central. Na comparação de novembro com outubro os serviços avançaram 0,13% ante 0,67%, os bens industriais 0,11% ante 0,75%, a alimentação 0,58% ante 0,80%, os bens não-duráveis 0,49% ante 1,05%, e os bens semiduráveis 0,89% ante 0,99%, enquanto os bens duráveis (os mais impactados pelos gargalos de oferta globais) registraram -0,54% ante 0,06%. Com essas surpresas baixistas em serviços e bens, colocando o IPCA consideravelmente abaixo da expectativa, vimos a média dos 5 núcleos desacelerar de 0,55% para 0,33% e uma forte diminuição na taxa de difusão, que saiu de 67,9% em outubro para 58,6% em novembro.

A maior contribuição baixista para o IPCA de novembro veio do grupo Artigos de Residência, que registrou deflação de 0,68%, com impacto de -0,03 p.p. Os itens que mais contribuíram para isso foram computador pessoal (-3,88%, impacto de -0,01 p.p.) e televisor (-1,99%, impacto de -0,01 p.p.), refletindo o impacto das promoções da Black Friday. O grupo de Comunicação foi outro a apresentar deflação em novembro (-0,14%, impacto de -0,01 p.p.) puxado pelo item de aparelho telefônico, que recuou 2,49% no mês, contribuindo com -0,02 p.p para o IPCA cheio, também na esteira dos descontos da Black Friday que não ficaram restritos a um único dia e se dispersaram por boa parte do mês de novembro.

Além disso, houve contribuição negativa para o IPCA dentro do grupo Transportes, com o item passagem aérea recuando 9,80% em novembro (impacto de -0,07 p.p.) ante um avanço de impressionantes 27,38% em outubro. Outro grande destaque do mês foi, novamente, o leite longa vida que aprofundou a deflação (-6,32%, impacto de -0,06 p.p.) de outubro para novembro (-7,09%, impacto de -0,06 p.p.). Já o item perfume dentro do grupo de Saúde e Cuidados Pessoais deu uma forte guinada de outubro para novembro, saindo de uma inflação de 5,71% (impacto de 0,06 p.p.) para uma deflação de 4,87% (impacto de -0,05 p.p.).

Do ponto de vista altista, vale destacar que 7 dos 9 grupos do IPCA registraram avanço de preços em novembro. O principal destaque foi para o grupo de Transportes que avançou 0,83% no mês (impacto de 0,17 p.p.) depois de ter avançado 0,58% em outubro. O grande destaque desse grupo foi para o item gasolina que deixou para trás a deflação registrada em outubro (-1,56%, impacto de -0,07 p.p.) e avançou 2,99% (impacto de 0,14 p.p.) em novembro. O grupo de Alimentação e Bebidas avançou 0,53% m/m em novembro, com impacto de 0,12 p.p. no IPCA. Nesse grupo os destaques de alta foram para os itens cebola (23,02%) e tomate (15,71%), que geraram impactos de 0,05 p.p. e 0,04 p.p., respectivamente. Além disso, o grupo de Vestuário continua a registrar aumento de preço, avançando 1,10% em novembro (impacto de 0,05 p.p.), ante uma alta de 1,22% em outubro (impacto de 0,06 p.p.).

Nossa avaliação é que, embora tenha surpreendido para baixo, o resultado de novembro contribui para reforçar a postura de cautela do Banco Central, uma vez que a persistência da inflação de serviços em patamares elevados na métrica em doze meses pode, junto do cenário de piora fiscal, contribuir para postergar o início do ciclo de corte da taxa Selic. Em outubro vimos a primeira alta mensal, ainda que modesta (0,18%), nos preços administrados desde junho, com essa alta subindo para 1,00% agora em novembro. Por outro lado, os preços livres avançaram com menor ímpeto no mês (0,22%) em comparação com outubro (0,73%). Por fim, nossa projeção preliminar para o IPCA do mês de dezembro foi alterada de um avanço de 0,70% para 0,55%. Essa retirada de 0,15 p.p. ocorreu em decorrência da redução dos preços da gasolina e do diesel por parte da Petrobras. Contudo, o viés para essa nossa projeção revisada é de alta em vista da sazonalidade de final de ano passando a pesar mais sobre alimentação, serviços e passagens aéreas, além da reversão dos descontos da Black Friday nos itens de computador pessoal, televisor e aparelho telefônico.

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