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Publicado em 10 de Novembro às 11:45:07

IPCA (out/22): Inflação surpreende e avança 0,59% m/m em outubro

Depois de três meses seguidos de deflação, o IPCA voltou a registrar inflação, avançando 0,59% em outubro. Esse resultado veio acima da mediana das expectativas do mercado (0,49%, Broadcast) e acima do teto das estimativas (0,54%, Broadcast). A inflação no mês reflete, principalmente, os impactos da alta nos preços das passagens aéreas que avançaram 27,38%, com um impacto de 0,16 p.p. Nos últimos 12 meses, o IPCA passou de 7,17% para 6,47% e acumula alta de 4,70% no ano.

No mês, houve avanço considerável nos serviços (0,67%), bens industriais (0,75%), alimentação (0,80%), bens não-duráveis (1,05%) e nos bens semiduráveis (0,99%), enquanto os bens duráveis (os mais impactados pelos gargalos de oferta globais) avançaram apenas 0,06%. Com essas surpresas altistas em serviços e bens, colocando o IPCA bem acima da expectativa, vimos a média dos 5 núcleos acelerar de 0,41% para 0,55% m/m e um forte avanço na taxa de difusão, que saiu de 61,5% em setembro para 67,9% em outubro.

A maior influência negativa no mês ocorreu no grupo Comunicação (-0,48%), com impacto de -0,02 p.p., refletindo ainda o impacto dos cortes de ICMS sobre o setor, que só passou a ser aplicado mais recentemente. O resultado do grupo foi puxado pelo item plano de telefonia móvel, que recuou 2,05% no mês, contribuindo com -0,03 p.p para o IPCA.

Além disso, houve influência negativa dentro do grupo Transportes, com o item gasolina recuando 1,56% em outubro e gerando uma contribuição de -0,07 p.p. Outro grande destaque do mês foi, novamente, a queda do leite longa vida em 6,32% (-0,06 p.p.). O leite vinha subindo significativamente nos últimos meses diante do período entressafra combinado com a pressão de custos dos insumos decorrente da guerra na Ucrânia. Com o fim da entressafra e a volta das chuvas, a oferta do produto aumentou, gerando alívio nos preços.  Por outro lado, outros alimentos foram destaque de alta: batata-inglesa (23,36%), tomate (17,63%), cebola (9,31%) e frutas (3,56%).

Do ponto de vista altista, vale destacar que 8 dos 9 grupos do IPCA registraram avanço de preços em outubro. O principal destaque foi para o grupo de Alimentação e Bebidas que avançou 0,72% no mês (impacto de 0,16 p.p.) depois de ter recuado 0,51% em setembro. O grupo de Saúde e cuidados pessoais avançou 1,16% m/m em outubro, com impacto de 0,15 p.p. no IPCA. Nesse grupo os destaques foram para os itens perfume (5,71%) e plano de saúde (1,43%), que geraram impactos de 0,06 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Além disso, o grupo de Vestuário continua na sua tendência de alta após já ter avançado 1,77% em setembro, registrando uma alta de 1,22% em outubro (impacto de 0,06 p.p.), com todos os itens apresentando aumento.

Nossa avaliação é que o resultado de outubro contribui para reforçar a postura de cautela do Banco Central, uma vez que a persistência da inflação de serviços em patamares elevados pode contribuir para postergar o início do ciclo de corte da taxa Selic. Ao analisar o ocorrido nos meses de julho, agosto e setembro, o resultado advinha basicamente das medidas implementadas pelo governo e nos preços administrados. Agora em outubro, vimos a primeira alta mensal, ainda que modesta (0,18%), nos preços administrados desde junho. Combinado a isso, os preços livres voltaram a avançar mais fortemente no mês, registrando um avanço de 0,73%. Nossa projeção preliminar para o mês de novembro é de um avanço de 0,50% m/m no IPCA, com a sazonalidade de final de ano passando a pesar mais sobre alimentação, serviços e passagens aéreas.

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