Pelo terceiro mês consecutivo, houve deflação de preços, dessa vez com recuo de 0,29%. O resultado veio maior que a expectativa mediana do mercado (-0,32%, Broadcast). A deflação no mês reflete, principalmente, os impactos da redução dos preços dos combustíveis, em especial a gasolina, tendo provocado mais uma deflação nos preços administrados. Nos últimos 12 meses, o IPCA passou de 8,73% para 7,17% e acumula alta de 4,09% no ano.
No mês, houve surpresa para cima nos serviços (0,40%) e nos bens industriais (0,05%), porém houve forte impacto negativo dos administrados (-1,21%) e da alimentação (-0,86%). Apesar das surpresas altistas em serviços e bens, colocando o IPCA um pouco acima da expectativa, vimos uma melhora dos núcleos com desaceleração de 0,66% para 0,41% e uma nova queda na taxa de difusão para 61,5%.
A maior influência negativa no mês ocorreu no grupo Transportes (-1,98%), com impacto de -0,41 p.p., sendo o terceiro mês consecutivo de queda nos transportes. O grupo foi, novamente, puxado pela redução no preço da gasolina (-8,33%), mas os demais combustíveis também apresentaram queda: etanol (-12,43%), diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%).
Além disso, houve influência negativa do grupo Alimentação & Bebidas, que passou de 0,24% para -0,51% em setembro, diante da queda na alimentação no domicílio (-0,86%). O grande destaque do mês foi a queda do leite longa vida em -13,71% (-0,15 p.p.). O leite vinha subindo significativamente nos últimos meses diante do período entressafra combinado com a pressão de custos dos insumos decorrente da guerra na Ucrânia. Com o fim da entressafra e a volta das chuvas, a oferta do produto aumentou, gerando alívio nos preços. Além do leite, outros alimentos foram destaque: óleo de girassol (-6,27%), com a queda no mercado internacional; e a cebola (11,22%), com a produção do Nordeste se encontrar abaixo da expectativa. Outro grupo a apresentar impacto negativo significativo foi o de comunicação (-2,08%), com impacto de -0,11 p.p., diante da queda de 10,5% no acesso à internet e -2,7% no combo de telefonia, internet e TV.
Por outro lado, do ponto de vista altista, vale destacar a influência do grupo Habitação (0,6% e 0,09 p.p.), diante do aumento nos preços da energia elétrica residencial (0,78%), com os reajustes tarifários ocorridos em Vitória e Belém. Além disso, houve impacto positivo no grupo de Despesas pessoais (0,95%), com o aumento nos serviços bancários e serviços ligados ao turismo, diante da reabertura econômica, em especial hospedagem (2,88%) e pacote turístico (2,30%). Outro grupo em alta foi o de vestuário (1,77%), em que todos os itens presentaram aumento, em especial as roupas femininas (2,03%).
Nossa avaliação é que o resultado de setembro foi positivo. Ao analisar os resultados dos meses de julho e agosto, o resultado advinha basicamente das medidas implementadas pelo governo e nos preços administrados. Já nesse mês, vimos uma nova queda dos administrados, porém com os preços livres praticamente zerados. Combinado a isso, tivemos um resultado positivo para difusão e medidas subjacentes melhores. Nossa projeção preliminar para o mês de outubro é 0,40%, com a aceleração dos alimentos e fim do impacto das desonerações tributárias.