Nesta semana, teremos a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorre a cada 45 dias e tem o intuito de definir o rumo da política monetária, isto é, definir a taxa de juros básica da economia — Selic. Nesse sentido, o anúncio da decisão do comitê será feito na quarta-feira (08/12) e acreditamos que o atual rumo de elevação de 1,5 p.p. será mantido, de modo que, a taxa Selic passe para 9,25% a.a.
Embora acreditemos que a manutenção do atual ritmo seja a melhor saída para o Banco Central, alguns agentes de mercado veem como possível um aumento menor devido ao resultado do PIB do terceiro trimestre que veio negativo. Nossa avaliação é que o Banco Central não deve considerar esse número para decidir o atual ritmo da taxa Selic, visto que esse resultado fraco de atividade foi concentrado pelo desempenho ruim do setor agropecuário devido a fatores que não envolvem a política monetária (suspensão das importações de carne bovina por parte da China e de questões climáticas que afetaram a safra, por exemplo.).
No que diz respeito ao comunicado, acreditamos que o comitê deve adotar um discurso mais duro ao falar do processo inflacionário apontando que este é mais persistente do que se imaginava e reduzindo a ênfase na sua transitoriedade. Na nossa avaliação, os dados do IPCA-15 do mês de novembro apontam para esta direção com os núcleos apresentando fortes avanços, todos acima do teto da meta (5% a.a.). Soma-se a este sintoma, a média móvel de 12 meses do índice de difusão que se encontra em 66,1%, bem acima da média dos últimos 5 anos (56,6%). Nossas projeções apontam para uma inflação de 1,16% m/m em novembro que deverá fazer com que o índice em 12 meses acumule alta de 10,97% a.a.
Por outro lado, a fragilização do Teto de Gastos trouxe uma elevada incerteza em relação ao arcabouço fiscal brasileiro. Um dos pilares do nosso cenário era exatamente a manutenção do teto, visto que esta era uma regra bastante efetiva de disciplina fiscal e de suma importância para o Brasil que possui uma relação dívida/PIB muito superior aos seus pares emergentes. Diante da perda de credibilidade do teto houve um forte movimento no mercado e nas expectativas de inflação que seguem desde então se elevando na pesquisa FOCUS e, na última semana, pela primeira vez ficaram acima de 5%. A quebra de regime fiscal ocorreu em um momento em que a inflação brasileira já se encontrava em um patamar bastante elevado, portanto, contribuiu para o agravamento deste quadro. Em suma, acreditamos que para conter a elevada inflação, o cenário atual é de mais juros e menos crescimento.
Trabalhamos com um ciclo de alta da Selic se encerrando em 12% no primeiro semestre de 2022 e permanecendo neste nível até o final de 2022 para fazer a inflação convergir para o centro da meta. Nossas projeções indicam que o IPCA ficará em 10,45% e 5,31% ao final de 2021 e 2022, respectivamente. Ou seja, trabalhamos em nosso cenário com dois anos seguidos de inflação acima do teto da meta.