Em abril, o saldo das concessões de crédito avançou 0,2% m/m, de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 5,9 trilhões no mês. Este é resultado da combinação entre a queda observada no saldo de crédito livre (-0,2% m/m) e do avanço do saldo no crédito direcionado (0,7% m/m). No que diz respeito ao público, o desempenho no mês foi influenciado, principalmente, pela queda de 0,9% m/m no saldo de crédito destinado às empresas, ao passo em que houve avanço de 0,9% m/m no crédito destinado às famílias. Em relação às concessões, houve quedas de 0,96% m/m no crédito livre e de 6,7% m/m no crédito direcionado.
Na variação interanual, observou-se uma alta de 0,2 p.p em relação ao mês anterior, em termos nominais, com avanço de 8,5% a/a, o terceiro mês de avanço consecutivo.
Para as pessoas físicas, o saldo de crédito livre apresentou avanço de 0,8% na passagem de março para abril, ante aumento de 0,9% no mês imediatamente anterior, com destaque para as expansões dos estoques de financiamentos para aquisição de veículos (+1,6%), de cartão de crédito total (+0,9%) e de crédito consignado para trabalhadores do setor público (0,6%) e para beneficiários do INSS (0,7%). Na métrica interanual, observou-se uma variação de 8,9% a/a, ante 8,6% a/a no mês anterior.
Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, houve queda de 1,4% m/m em abril, ante aumento de 3,2% observado no mês imediatamente anterior. Nesse contexto, os destaques foram: operações de desconto de duplicatas e outros recebíveis (-11,2%), após alta sazonal no mês anterior, de antecipação de faturas de cartão de crédito (-5,7%) e de cartão de crédito rotativo (-39,5%).
O volume de crédito com recursos direcionados alcançou R$ 2,5 trilhões em abril, elevação de 0,7% m/m no mês e de 12,4% a/a (ante 11,9% a/a em março). Por segmento, as operações contratadas com as empresas avançaram 0,2% m/m e 10,4% a/a. Por sua vez, o crédito direcionado para as pessoas físicas cresceu 0,9% m/m e 13,4% a/a, alcançando o patamar de R$ 1,7 trilhão, com destaque para os financiamentos imobiliários com taxas reguladas.
A taxa média de juros das operações de crédito recuou 0,2 p.p. na passagem de março para abril, atingindo o nível de 28,0% a.a. Esse movimento foi determinado pela queda nas taxas medias de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (18,5% a.a), ao passo em que houve queda de 0,1 p.p nas taxas cobradas sobre a carteira das famílias (32,7% a.a).
No contexto de taxa de juros e inflação elevadas, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, a inadimplência das famílias avançou 0,1 p.p. para 5,5%, em linha com o fim do programa Desenrola Brasil, enquanto para pessoas jurídicas a inadimplência também apresentou variação de mesma magnitude para 3,3%. Nesse sentido, o endividamento das famílias avançou para 48,0% em março, com alta de 0,2 p.p. na comparação com o mês anterior e queda de 0,6 p.p em 12 meses. Além disso, o comprometimento da renda atingiu 26,5% em março, aumentando 0,8 p.p. no mês e recuando 1,1 p.p. em doze meses.
Na nossa avalição, apesar do resultado negativo na margem, os dados continuam mostrando uma melhora no endividamento e da inadimplência em janelas maiores de tempo. Assim, a melhora na saúde financeira das famílias somada ao conjunto de medidas promovidas pelo governo de impulso fiscal e à resiliência do mercado de trabalho, devem contribuir para que haja recuperação das concessões de crédito livre PF ao longo do ano. Isso, em conjunto com a expectativa da queda do comprometimento da renda com o pagamento da dívida, deve contribuir para que o consumo das famílias seja um vetor de crescimento importante ao longo deste ano.