Em dezembro, as concessões de crédito apresentaram forte recuo de 12,1% em relação ao mês anterior (série com ajuste sazonal), com queda generalizada em diversos segmentos. Houve recuo na concessão de recursos livres (-8,6% m/m) e no crédito direcionado (-5,4% m/m). Em 2021, as concessões cresceram 19%, ante avanço de 5,3% no ano anterior.
A concessão para pessoas físicas recuou 9,3% em dezembro. Houve queda na concessão de crédito livre (-9,9% m/m), generalizada entre as categorias: crédito não rotativo (-7,1% m/m), aquisição de veículos (-3,1% m/m) e cartão de crédito (-3,4% m/m). Além disso, houve recuo no crédito direcionado para as famílias de 7,1% no mês. Em linha com o aumento do custo do crédito, diante da elevação da taxa básica de juros, houve mais um recuo nas concessões para financiamentos imobiliários, que seguem em tendência de queda. Após forte elevação do crédito imobiliário em 2021, estimativas para o setor apontam para aceleração de somente 2% para 2022, diante das condições financeiras mais adversas.
O crédito para as pessoas jurídicas caiu 6,6% em relação ao mês anterior. Houve recuo de 13,2% no crédito direcionado para empresas e avanço de 2,3% em recursos livres (aumento de 1% no crédito não rotativo e -27,6% em capital de giro). As captações de recursos no mercado de capitais estão se concentrando em títulos de renda fixa, com destaque para emissão de debêntures, enquanto a obtenção de recursos por meio de participação acionária vem perdendo tração. Atualmente, cerca de 90% dos recursos advêm de títulos de renda fixa. Em dezembro tivemos recorde na obtenção de recursos (R$78,5 bilhões), com destaque para as debêntures (R$28,7 bilhões) e FIDC’s (R$26,3 bilhões). No primeiro semestre de 2021, as captações de recursos por meio de emissão de ações ou cotas representaram 33,1% do total. Já no segundo semestre esse valor ficou em 18,3%. Não houve captação de recursos por meio de participação acionária (IPO ou Follow on) em dezembro. A última vez que isso ocorreu foi em abril de 2020 (auge da 1ª onda da pandemia). O aumento na percepção de riscos retira o apetite aos investimentos em renda variável, levando as empresas buscarem outras formas de se financiar.
Em linha com o movimento de aumento da taxa básica de juros, as taxas cobradas pelas instituições financeiras subiram de 33,7% a.a. para 33,9% a.a., sendo o maior patamar desde fevereiro de 2020. No ano, a taxa de juros média aumentou em 8,4 p.p. A elevação nas taxas para as empresas se manteve estável em 20% a.a. enquanto as taxas para as famílias aumentaram de 44,4% a.a. para 45,1% a.a. A taxa de inadimplência se manteve estável em 2,3%. Nas operações com recursos livres, a inadimplência se manteve em 3,1%, com queda na inadimplência das empresas, porém aumento nas famílias.
O mercado de crédito que vinha sendo um driver de crescimento importante nos últimos anos, deve desacelerar em 2022. A combinação de atividade mais fraca, inflação elevada, aumento dos juros e a retirada de estímulos fiscais devem atenuar a demanda por crédito tanto das empresas quanto das famílias. Nossa projeção é que a Selic chegue a 12,5% a.a. em 2022, sendo um importante limitador para oferta de crédito tanto para empresas quanto para famílias.