Em fevereiro, o saldo das concessões de crédito avançou 0,2% m/m, de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 5,8 trilhões no mês. Este é resultado da combinação entre o aumento observado no saldo de crédito livre (0,1% m/m) e do avanço do saldo no crédito direcionado (0,5% m/m). No que diz respeito ao público, o desempenho no mês foi influenciado, principalmente, pela redução de 0,5 % m/m no saldo de crédito destinado às empresas, ao passo em que houve avanço de 1,0% m/m no crédito destinado às famílias. Em relação às concessões, houve queda de 6,2% m/m no crédito livre e aumento de 3,4% m/m no crédito direcionado.
Na variação interanual, observou-se uma alta de 0,3 p.p em relação ao mês anterior, em termos nominais, com avanço de 8,0% a/a, interrompendo a tendência de desaceleração observada desde o ano passado.
Para as pessoas físicas, o saldo de crédito livre apresentou avanço de 0,3% na passagem de janeiro para fevereiro, ante aumento de 1,2% no mês imediatamente anterior. Na métrica interanual, observou-se uma interrupção da tendência de desaceleração, uma vez que o ritmo saiu de alta de 8,2% a/a em janeiro para 8,5% a/a em fevereiro. pelas altas das carteiras de crédito pessoal consignado para beneficiários do INSS (2,0%), crédito pessoal não consignado (1,6%), financiamento para a aquisição de veículos (1,2%) e crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (0,6%).
Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, houve queda de 0,3% m/m em fevereiro, ante queda de 3,5% observado no mês imediatamente anterior. Nesse contexto, os destaques foram: redução das modalidades de capital de giro com prazo inferior a 365 dias (-11,0%), desconto de duplicatas e outros recebíveis (-0,9%) e antecipação de faturas de cartão de crédito (-1,4%).
O volume de crédito com recursos direcionados alcançou R$ 2,4 trilhões em fevereiro, elevação de 0,5% m/m no mês e de 11,8% a/a (ante 12,0% a/a em janeiro). Por segmento, as operações contratadas com as empresas diminuíram 0,1% m/m e 9,9% a/a, atingindo R$ 810,5 bilhões. Por sua vez, o crédito direcionado para as pessoas físicas cresceu 0,8% m/m e 12,8% a/a, alcançando o patamar de R$ 1,6 trilhão.
A taxa média de juros das operações de crédito recuou 0,4 p.p. na passagem de janeiro para fevereiro, atingindo o nível de 27,8% a.a. Esse movimento foi determinado pela queda de 0,7 p.p nas taxas medias de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (18,5% a.a), ao passo em que houve recuo de 0,3 p.p nas taxas cobradas sobre a carteira das famílias (32,2% a.a).
No contexto de taxa de juros e inflação elevadas, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, a inadimplência das famílias manteve-se estável em 5,5%, em linha com o lançamento do programa Desenrola Brasil que teve como foco inicial a extinção de dívidas de até R$ 100, enquanto para pessoas jurídicas a inadimplência continua em 3,3%. Nesse sentido, o endividamento das famílias manteve-se em 48,0% em janeiro, com alta de 0,2 p.p. na comparação com o mês anterior. Além disso, o comprometimento da renda atingiu 25,8%, crescimento de 0,2 p.p em relação ao mês anterior.
Na nossa avalição, tal resultado aponta para uma melhora no mercado de crédito em linha com o início da flexibilização monetária. Assim, a melhora na saúde financeira das famílias somada ao conjunto de medidas promovidas pelo governo de impulso fiscal e à resiliência do mercado de trabalho, devem contribuir para que haja recuperação das concessões de crédito livre PF ao longo do ano. Isso, em conjunto com a expectativa da queda do comprometimento da renda com o pagamento da dívida, deve contribuir para que o consumo das famílias seja um vetor de crescimento importante ao longo deste ano.