Em janeiro, as concessões de crédito apresentaram crescimento de 12,6% em relação ao mês anterior (série com ajuste sazonal), com aumento disseminado em diversos segmentos. Houve avanço na concessão de recursos livres (10,4% m/m) e no crédito direcionado (21% m/m). Com o resultado em janeiro, as concessões de crédito retornam ao patamar de novembro de 2021, após apresentar forte queda no mês de dezembro (-10,9%).
A concessão para pessoas físicas cresceu 3,7% em janeiro. Houve aumento na concessão de crédito livre (1,7% m/m), com destaque para crédito para aquisição de veículos (5,6% m/m). Além disso, houve crescimento no crédito direcionado para as famílias de 16% no mês. Em linha com o aumento do custo do crédito, diante da elevação da taxa básica de juros, houve mais um recuo nas concessões para financiamentos imobiliários, que seguem em forte de tendência de queda.
O crédito para as pessoas jurídicas aumentou 11,1% em relação ao mês anterior, porém concentrado no crédito direcionado, que avançou 30,6%. O crédito livre, por sua vez, recuou 0,4%. Dentre os destaques vimos uma forte aceleração do capital de giro. O aparecimento da variante Ômicron pode ter influenciado essa linha de crédito, com a maior demanda por capital de giro, como visto nos meses mais crônicos da pandemia em 2020. Por outro lado, as captações de recursos no mercado de capitais apresentaram forte recuo no mês de janeiro (-82%). Houve forte queda em todas as linhas de captação, com destaque para as emissões de debentures (-76%). Apesar do mês anterior (dezembro) ter sido extremamente positivo, elevando a base de comparação, o resultado para as emissões no mercado de capitais em janeiro foi o mais baixo desde maio/21.
Em linha com o movimento de aumento da taxa básica de juros, as taxas cobradas pelas instituições financeiras subiram pela sétima vez consecutiva, passando de 33,8% para 35,3% a.a., sendo o maior patamar desde novembro de 2019. Houve elevação tanto nas taxas de juros para empresas quanto para as famílias. Com o aumento das taxas de juros, as taxas de inadimplência, apesar de se encontrarem em patamar historicamente baixo, estão em tendência de crescimento. Em especial, a taxa de inadimplência para as famílias aumentou de 4,13% para 4,6% no período de um ano. A inadimplência para as empresas, por outro lado, se mantém estável ao longo das últimas leituras. Importante monitorar a evolução desse indicador nos próximos meses, em um cenário de desaceleração econômica e inflação em patamar elevado.
O mercado de crédito que vinha sendo um driver de crescimento importante nos últimos anos, deve desacelerar em 2022. A combinação de atividade mais fraca, inflação elevada, aumento dos juros e a retirada de estímulos fiscais devem atenuar a demanda por crédito tanto das empresas quanto das famílias. Nossa projeção é que a Selic chegue a 12,5% a.a. em 2022, sendo um importante limitador para oferta de crédito tanto para empresas quanto para famílias.