Em maio, o saldo das concessões de crédito avançou 0,7% m/m, de modo que, o volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) totalizou R$ 6,0 trilhões no mês. Este é resultado da combinação entre o avanço observado no saldo de crédito livre (0,6% m/m) e do avanço do saldo no crédito direcionado (0,8% m/m). No que diz respeito ao público, o desempenho no mês foi influenciado, principalmente, pela queda de 2,0% m/m no saldo de crédito destinado às empresas, ao passo em que houve avanço de 1,5% m/m no crédito destinado às famílias. Em relação às concessões, houve aumento de 0,6% m/m no crédito livre e de 0,8% m/m no crédito direcionado.
Na variação interanual, observou-se uma alta de 0,2 p.p em relação ao mês anterior, em termos nominais, com avanço de 9,2% a/a, o quarto mês de avanço consecutivo.
Para as pessoas físicas, o saldo de crédito livre apresentou avanço de 1,0% na passagem de abril para maio, ante aumento de 0,9% no mês imediatamente anterior, com destaque para as expansões nas modalidades de cartão de crédito à vista (+1,4%), financiamento para aquisição de veículos (+1,6%) e de crédito pessoal não consignado (+1,6%). Na métrica interanual, observou-se uma variação de 8,6% a/a, ante 9,0% a/a no mês anterior.
Já no crédito livre para as pessoas jurídicas, houve avanço de 0,1% m/m em maio, ante queda de 1,3% observado no mês imediatamente anterior. Nesse contexto, os destaques foram: operações de desconto de duplicatas (-2,89%), de antecipação de faturas de cartão de crédito (5,9%) e de cartão de crédito rotativo (32,6%).
O volume de crédito com recursos direcionados alcançou R$ 2,5 trilhões em maio, elevação de 0,8% m/m no mês e de 12,8% a/a. Por segmento, as operações contratadas com as empresas avançaram 1,0% m/m e 10,7% a/a. Por sua vez, o crédito direcionado para as pessoas físicas cresceu 0,7% m/m e 13,9% a/a, alcançando o patamar de R$ 1,7 trilhão, com destaque para os financiamentos imobiliários com taxas reguladas.
A taxa média de juros das operações de crédito recuou 0,1 p.p. na passagem de abril para maio, atingindo o nível de 27,8% a.a. Esse movimento foi determinado pela queda nas taxas medias de juros para operações contratadas com pessoas jurídicas (18,2% a.a), ao passo em que houve queda de 0,2 p.p nas taxas cobradas sobre a carteira das famílias (32,4% a.a).
No contexto de taxa de juros e inflação elevadas, as taxas de inadimplência (atrasos superiores a 90 dias) seguem se sustentando em um patamar historicamente elevado. No crédito livre, a inadimplência das famílias avançou 0,1 p.p. para 5,6%, em linha com o fim do programa Desenrola Brasil, enquanto para pessoas jurídicas a inadimplência apresentou queda de 0,1 p.p. mesma magnitude para 3,2%. Nesse sentido, o endividamento das famílias avançou para 47,9% em abril, com alta de 0,1 p.p. na comparação com o mês anterior e queda de 0,7 p.p em 12 meses. Além disso, o comprometimento da renda atingiu 26,6% em abril, aumentando 0,4 p.p. no mês e recuando 1,4 p.p. em doze meses.
Na nossa avalição, apesar do resultado negativo na margem, os dados continuam mostrando uma melhora no endividamento e da inadimplência em janelas maiores de tempo. Assim, a melhora na saúde financeira das famílias somada ao conjunto de medidas promovidas pelo governo de impulso fiscal e à resiliência do mercado de trabalho, devem contribuir para que haja recuperação das concessões de crédito livre PF ao longo do ano. Isso, em conjunto com a expectativa da queda do comprometimento da renda com o pagamento da dívida, deve contribuir para que o consumo das famílias seja um vetor de crescimento importante ao longo deste ano.