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Publicado em 27 de Dezembro às 14:12:46

Mercado de Crédito (nov/22): Saldo de concessões avança 1,0% m/m

No mês, o saldo das concessões de crédito avançou 1,0% m/m, totalizando R$ 5,3 trilhões no período, após ter apresentado expansão de 0,9% m/m em outubro. Este resultado decorreu da expansão de 0,9% m/m do saldo de crédito livre e de 1,3% m/m do crédito direcionado.  Diferentemente do mês anterior, em que houve contribuição negativa do volume de crédito para as empresas, o saldo de crédito às pessoas jurídicas avançou 0,4% m/m (avanço de 2,4% m/m nas concessões) e em 1,5% m/m (avanço de 1,0% m/m nas concessões) para pessoas físicas.

Para as pessoas físicas, em novembro, o saldo de crédito livre avançou 1,5% m/m e 19,1% a/a em 12 meses (ante 20,9% a/a em outubro), atingindo R$ 1,8 trilhão, com crescimento disseminado entre as modalidades analisadas. Os destaques vão para as operações de cartão de crédito (+3,8% m/m), crédito consignado para beneficiários do INSS (+1,4% m/m) e os financiamentos de veículos (+0,9% m/m). Na série com ajuste sazonal, as concessões ficaram estáveis (0,0% m/m), com destaque para os recuos de 6,0% m/m das operações de crédito não rotativo e de -3,1% m/m dos financiamentos para aquisição de veículos. Em contrapartida, houve expansão de 2,4% m/m das operações com cartão de crédito à vista. Vale destacar que em novembro foi possível observar a normalização das concessões de crédito consignado dos trabalhadores do setor privado, haja vista a contração de 76,4% m/m na margem, sinalizando que as operações de crédito consignado atreladas ao Auxílio Brasil foram concentradas em outubro.

O crédito livre para as pessoas jurídicas avançou 0,4% m/m em novembro, totalizando R$ 1,4 trilhão, e expansão de 13,2% a/a. Entre as modalidades de crédito, os destaques vão para os financiamentos para aquisição de veículos (+1,8% m/m), e as operações de vendor finance (+6,1% m/m) e compror (+5,1% m/m).

O volume de crédito com recursos direcionados alcançou R$2,1 trilhões em novembro, elevação de 1,3% m/m no mês e de 13,8% a/a (ante 13,2% em outubro) em comparação ao mesmo período do ano anterior. Por segmento, as operações contratadas com pessoa jurídica tiveram alta de 1,0% m/m e aumento de 6,9% a/a em doze meses, atingindo R$ 732,6 bilhões. Nas operações com as famílias, o volume de crédito direcionado elevou-se 1,4% m/m e 17,8% a/a em relação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando R$ 1,4 trilhão, com crescimento do volume concentrado em crédito rural com taxas reguladas (3,1% m/m) e nos financiamentos imobiliários com taxas de mercado (2,4% m/m) e reguladas (1,0% m/m).

Em linha com o forte ciclo de aperto monetário de 2022, as taxas cobradas pelas instituições financeiras no crédito livre voltaram a registrar avanço de 1,4 p.p. no mês, ficando em 44,1% a.a., de modo que, registraram um aumento de 10,4 p.p. nos últimos 12 meses. No crédito livre para empresas, a taxa média situou-se em 23,4% a.a., ficando estável no mês. Já para as famílias, a taxa média de 59,0% a.a., com elevações de 1,8 p.p. no mês e de 14,6 p.p. em 12 meses. Os destaques vão para a elevação de 3,4 p.p. na taxa cobrada no cartão de crédito (100,2% a.a.) e de 1,6 p.p. na taxa média de desconto de cheques.

No contexto de juros e inflação elevados, as taxas de inadimplência tiveram mais um mês de aceleração, com altas concentradas nas pessoas jurídicas. No crédito livre, a inadimplência das famílias ficou estável na passagem de outubro para novembro, entretanto, segue no patamar mais elevado (5,9%) desde mai/17. Já a inadimplência das pessoas jurídicas apresentou alta de 0,2 p.p. na margem, atingindo o nível de 2,2% em novembro. Mesmo que ainda em um patamar historicamente baixo, a inadimplência de pessoa jurídica já apresentou uma elevação de 0,6 p.p. esse ano. Já para as famílias, a alta é de 1,3 p.p. no ano. Vale destacar que essa deterioração nos últimos meses reflete as dificuldades do cenário macroeconômico, sobretudo com o aperto monetário responsável pelo encarecimento do custo do crédito.

Embora o mercado de crédito tenha apresentado mais um avanço no saldo das concessões, os dados apresentam sinais de desaceleração na margem, tanto para empresas quanto para as famílias, sinalizando que os efeitos da política monetária, ainda que parciais, já podem ser sentidos no mercado de crédito. Vale ressaltar que as taxas de crescimento para as famílias ainda são significativas, dando sinais de uma economia ainda resiliente com a demanda ainda aquecida, sobretudo no consumo de serviços que tem apresentado forte expansão nos últimos meses. Assim, o atual contexto macroeconômico, com a melhora no mercado de trabalho (queda do desemprego e aumento da massa salarial) em conjunto com políticas fiscais expansionistas, em nossa visão, ajuda a explicar certa resiliência do mercado de crédito. Contudo, os primeiros sinais de deterioração da economia já podem ser observados diante do aumento generalizado da inadimplência, que deve se agravar com a desaceleração econômica a partir do último trimestre de 2022, e que deve perdurar em 2023, refletindo os efeitos da política monetária contracionista e as incertezas em torno da política econômica do próximo governo.  Acreditamos que as discussões em torno da nova âncora fiscal e a expansão dos gastos do novo governo eleito elevaram substancialmente as incertezas em torno da trajetória da dívida brasileira, aumentando a probabilidade de que o ciclo de aumento da Selic seja retomado, como forma de ancorar as expectativas de inflação. Este cenário adiciona um viés altista para o avanço da inadimplência tanto para as pessoas físicas quanto jurídicas.

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