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Publicado em 26 de Novembro às 17:51:36

Mercado de Crédito (out/21): A Elevação de Juros e Desaceleração do Crédito.

Em outubro, as concessões de crédito avançaram 1,7% em relação ao mês anterior (série com ajuste sazonal), embora se tenha observado um avanço na margem houve uma desaceleração em relação ao resultado do último mês (3,5%). Foi observado crescimento na concessão de recursos livres (1,8% m/m), entretanto, o crédito direcionado apresentou recuo (-3,6% m/m). No ano, as concessões cresceram 17,7%, com avanço de 23% no crédito para as famílias e 12,6% para as empresas.

Por um lado, as concessões para pessoas físicas saltaram 0,1% em outubro. Houve recuo na concessão de crédito livre (-0,4% m/m), com destaque para queda na concessão de crédito não rotativo (-8,7% m/m). Já o crédito direcionado para as famílias avançou 0,7% no mês. As taxas de juros para financiamento do crédito imobiliário vêm acompanhando a elevação da taxa básica de juros (Selic), portanto, aumentando o custo de financiamento dos imóveis. Nesse sentido, em linha com a elevação do custo do crédito, as concessões para financiamento imobiliário recuaram 4% m/m em outubro.

Já o crédito para as pessoas jurídicas aumentaram 5,1% em relação ao mês anterior. Este resultado decorreu do recuo de 27,5% no crédito direcionado para empresas e 0,8% em recursos livres. As captações no mercado de capitais vem apresentando desempenho positivo nas últimas leituras, porém em desaceleração. As captações estão se concentrando em títulos de renda fixa, com destaque para emissão de debêntures, enquanto isso a obtenção de recursos através de participação acionária vem perdendo tração. No primeiro semestre de 2021, as captações de recursos por emissão de ações ou cotas representou 34,5% do total. Já no mês de outubro esse valor ficou em 8,6%. O aumento na percepção de riscos retira o apetite aos investimentos em renda variável, levando as empresas buscarem outras formas de financiamento.

Em linha com o movimento de aumento da taxa básica de juros, as taxas cobradas pelas instituições financeiras subiu de 30,6% a.a. para 32,8% a.a., recuperando o patamar das taxas cobradas no nível pré pandemia. A elevação nas taxas para as empresas subiu de 17,1% a.a. para 19,1% a.a. e as taxas para as famílias de 41,7% a.a. para 43,8% a.a. Já o ICC (indicador do custo do crédito) aumentou de  25 para 25,4. A taxa de inadimplência se manteve estável em 2,3%. Nas operações com recursos livres, a inadimplência se manteve em 3,0% e para operações com recursos direcionados caiu para 1,2%.

O mercado de crédito vem apresentando um desempenho positivo nas últimas leituras, mas com sinais de desaceleração. As condições financeiras nos próximos trimestres devem se deteriorar. Com a alteração do regime fiscal (teto de gastos), a política monetária será mais contracionista (projetamos Selic em 12% ao final do ciclo). O custo de capital das empresas aumentará significativamente, reduzindo o apetite das empresas aos investimentos e impactando negativamente o consumo das famílias. O endividamento das famílias está em patamares recordes mesmo descontando as dívidas imobiliárias. Nossa avaliação é que o mercado de crédito, que vinha sendo um “driver” de crescimento importante nos últimos anos, deve desacelerar em 2022.  

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