No mês, as concessões de crédito avançaram 2,2% m/m, totalizando R$ 5,2 trilhões no período, após terem apresentado expansão de 1,7% m/m em agosto. De maneira similar ao observado no mês anterior, houve avanço generalizado nas diversas aberturas, haja vista que em setembro tanto a concessão de crédito para as empresas (2,4% m/m) quanto as concessões para as famílias (1,3% m/m) apresentaram expansão na margem.
Nas famílias, o saldo de crédito atingiu R$ 1,7 trilhão em setembro, com crescimento disseminado entre as modalidades analisadas. Os destaques vão para a expansão de 5,8% m/m no crédito rotativo; de 3,1% m/m do crédito pessoal destinado à composição de dívidas; e de 5,5% m/m de outros créditos livres. Na série com ajuste sazonal, houve expansão de 3,4% m/m nas concessões no crédito livre, com destaque para a contratação para aquisição de veículos (2,8% m/m), na concessão via cartão de crédito à vista (1,0% m/m) e no não rotativo (0,9% m/m). Já o crédito direcionado avançou 1,4% m/m.
O crédito livre para as pessoas jurídicas avançou 0,7% m/m em setembro, após avançar 2,4% m/m em agosto, na série com ajuste sazonal. O crédito não rotativo recuou -0,6% m/m e o capital de giro apresentou forte contração (-5,1% m/m). Já o crédito direcionado reverteu a expansão observada no mês de agosto (14,2% m/m) ao contrair -28,3% m/m.
Em linha com o movimento de aumento da taxa básica de juros, as taxas cobradas pelas instituições financeiras no crédito livre romperam com a sequência de altas ao recuar 0,2 p.p., ficando em 44,4% a.a., aumento de 9,9 p.p. nos últimos 12 meses.
No contexto de juros e inflação elevados, as taxas de inadimplência vêm apresentando aceleração, principalmente no crédito livre voltado para as pessoas físicas. No crédito livre, a inadimplência das famílias e das empresas apresentam dinâmicas diferentes. Por um lado, vemos baixa a inadimplência por parte das empresas (1,9%). Entretanto, em relação as pessoas físicas, vemos uma significativa aceleração, estando em 5,7%, ultrapassando os patamares vistos no período pré-pandemia. Vale destacar que ambos os indicadores de inadimplência vêm acelerando nos últimos meses, refletindo a deterioração do cenário macroeconômico, sobretudo do aperto monetário que é responsável por um significativo encarecimento do custo do crédito.
Com os dados divulgados nos últimos três meses, o cenário de maior evidência do impacto da política monetária sobre as concessões de crédito parece ainda não se concretizar. As taxas de crescimento para as famílias ainda são significativas, dando sinais de estabilidade em patamares mais elevados. O crescimento das concessões no cartão de crédito a vista está ligado a recuperação da economia, com maior consumo de serviços. O contexto macroeconômico atual, com a melhora no mercado de trabalho (queda do desemprego e aumento da massa salarial) em conjunto com políticas fiscais expansionistas, em nossa visão, ajuda a explicar certa resiliência do mercado de crédito. Entretanto, a desaceleração econômica que deve ocorrer a partir do 4º trimestre de 2022 e deve perdurar ao longo de 2023 deve ser responsável por reverter esta trajetória positiva, gerando um viés altista para o avanço da inadimplência tanto para as pessoas físicas quanto jurídicas.