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Publicado em 03 de Janeiro às 12:03:33

Monitor de Atividade (03/01): Ômicron quebra recordes e a indústria deve ter alta de 0,5% m/m em novembro

Resumo: O IAG recuou tanto na sua variação diária quanto na média móvel de 7 dias, por conta do fim do efeito calendário que fez os indicadores de mobilidade recuarem fortemente. Com este resultado, o índice de encontra 8,9 p.p. acima do nível pré-Covid (100) e recuou -8,1 p.p. em relação ao número observado há 7 dias. O índice acumula alta de 3,4 p.p. nos últimos 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG tiveram resultados mistos. Por um lado, o consumo de energia e a emissão de notas fiscais avançaram. Em contrapartida, os demais indicadores de mobilidade e número de voos domésticos recuaram. Em especial, a mobilidade urbana apresentou forte recuo devido ao efeito calendário do Natal.

Pandemia e Vacinação

Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 299,8 milhões, ante 298,9 milhões em nossa leitura anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 76,2% da população total brasileira, um aumento de 0,1 p.p. Por sua vez, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas recuou, ao passar de 0,23 milhão para 0,16 milhão. Esta queda no número de doses aplicadas, que vem sendo observada há duas semanas, decorre do efeito calendário das festas de fim de ano, portanto, acreditamos que nas próximas semanas devemos observar um aumento deste número com o fim deste efeito. Ademais, o percentual da população com vacinação completa alcançou o percentual de 67,7% da população, um aumento de 0,3 p.p. em relação à semana anterior.

No que diz respeito ao avanço da pandemia no Brasil, observamos uma significativa piora da MM7D de número de novos casos que saiu de 3671 para 7474, entretanto, o número de óbitos segue apresentando sinais de arrefecimento ao sair de 95 para 91. Já para o Estado de São Paulo, os dados apontam para uma piora do quadro pandêmico, visto que tanto a MM7D de novas internações (saiu de 424 para 556) quanto a de internados em leito de UTI (saiu de 989 para 1091) avançaram em relação à nossa leitura da semana anterior. Nossa avaliação é que embora observemos um forte aumento no número de novos casos, o efeito calendário das festas de fim de ano dificulta a interpretação do atual quadro da pandemia devido à divulgação de dados represados. Porém, devido ao avanço da Ômicron no Brasil com o registro de transmissão comunitária da variante em diversas cidades brasileiras, acreditamos que a situação exige cautela, principalmente, após as festas de fim de ano que podem atuar como um importante vetor de transmissão devido às aglomerações.

Ademais, o avanço da Ômicron, especialmente no hemisfério norte, tem feito com que países sucessivamente batam seus recordes de casos diariamente. Na última terça-feira (28/12), foram contabilizados 1,45 milhão de novos casos ao redor do planeta, sendo que a França e o Reino Unido já ultrapassaram, de forma inédita 100 mil novos casos diários. O número de casos registrados nos EUA segue em trajetória de alta com a média móvel de novos casos saltou de 184 mil para 394 mil em 7 dias, um aumento de mais de 100% em apenas 1 semana. Já a média móvel de óbitos apresentou um leve recuo ao passar de 1421 para 1326. Vale destacar que a Ômicron é a variante predominante no país norte-americano que vem observando um forte aumento do número de casos não ser acompanhado por um aumento na mesma magnitude no número de mortes.

Na mesma direção, o Reino Unido e a França têm sofrido com um expressivo aumento do número de casos registrados por dia diante do surto decorrente das variantes Delta e Ômicron (variante dominante). Entretanto, o número de óbitos não vem crescendo na mesma velocidade. Em contrapartida, a África do Sul, muito acometida pela Ômicron, começa a dar sinais de melhora do quadro da pandemia ao registrar menos de 15 mil novo casos. Estudos divulgados nos últimos dias seguem apontando que a nova variante acarreta uma infecção mais branda visto que a sua reprodução nos tecidos pulmonares é menor e, por isso, a variante seria menos patogênica. Entretanto, devido ao alto grau de transmissibilidade, esta pode causar uma grande pressão nos hospitais, sobretudo nos leitos de UTI o que pode gerar uma sobrecarga do sistema de saúde.

Portanto, nossa avaliação é que, embora os indicadores no Brasil estejam apontando para o arrefecimento da pandemia nos últimos meses, o aumento do número de casos confirmados devido à nova variante (estudo apontou que 31,7% das infecções analisadas em 16 estados eram pela nova cepa) faz com que o risco de uma piora do quadro da pandemia não possa ser descartado. Isso decorre do fato de que o Brasil possui um processo ainda inicial de aplicação de doses de reforço, que tem se mostrado de suma importância para combater esta nova cepa.

Agenda da Semana

Frequência Mensal – Indústria

Indústria: Na última semana foram divulgados os dados do Índice de Confiança da Indústria da FGV que apresentou queda (-2,0% m/m) pelo quinto mês consecutivo em dezembro. O índice acumula um recuo de 7,7% nos últimos 5 meses, refletindo a piora nas expectativas e da situação atual de negócios. Nossa avaliação é que, diante da escassez de insumos ao longo de 2021 que tende a persistir em 2022, do elevado processo inflacionário e encarecimento do crédito, as perspectivas para o setor nos próximos meses são negativas. Na próxima semana, teremos a divulgação da Produção Industrial (PIM) referente ao mês de novembro. Os indicadores antecedentes do setor apresentaram resultados mistos no mês. Por um lado, observamos um desempenho positivo para o consumo de cimento e, principalmente, para a produção ode veículos que teve um expressivo avanço (13,3% m/m) em novembro. Em contrapartida, os demais indicadores apresentaram leves recuos. Dessa forma, nossa projeção aponta para um leve avanço de 0,5% m/m na comparação mensal e um recuo de -3,6% a/a.

Setor de Serviços

Serviços: Na última semana foram divulgados os dados da Sondagem de Serviços da FGV que recuou -1,3% m/m em relação ao mês de outubro, o segundo resultado negativo consecutivo. Com este resultado, o indicador se encontra no nível mais baixo ao longo de todo o segundo semestre de 2021. O resultado negativo do mês foi decorrente da deterioração tanto do Índice da Situação Atual quanto de Expectativas, refletindo uma maior preocupação em relação ao desempenho do setor nos próximos meses por conta da piora das perspectivas econômicas e do surgimento da nova variante Ômicron.

Setor de Varejo

Varejo: Na última semana foram divulgados os dados da Sondagem do Comércio da FGV que recuou (-3,1% m/m) pelo segundo mês consecutivo. Com este resultado, o índice teve o seu pior resultado desde abril/21, mês marcado pelo auge da segunda onda de Covid no Brasil. O desempenho no mês refletiu a piora tanto do Índice de Situação Atual quanto o de Expectativas refletindo o aumento das incertezas diante da piora das perspectivas econômicas e do elevado nível da inflação.

Demais Indicadores

Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.

Mercado de Trabalho

Mercado de Trabalho: Na última semana foram divulgados os dados da PNAD Contínua referentes ao trimestre móvel encerrado em outubro. Nesse sentido, a taxa de desemprego foi de 12,1% no período. O resultado veio melhor que o projetado pelo mercado (mediana do mercado era de 12,3%, Bloomberg), ficando próximo ao piso das expectativas (12%). Houve uma queda de 2,5 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado e -1,6 p.p. em relação ao trimestre encerrado em julho. Na série com ajuste sazonal, o desemprego também apresentou queda, ficando em 12,3%. O número de pessoas na força de trabalho foi de 106,9 mi, aumento de 1,8 milhões de trabalhadores em relação ao trimestre encerrado em julho, puxado pelo crescimento da população ocupada (3,3 milhões). O crescimento da população ocupada continua sendo concentrado nos trabalhadores do setor privado e por conta própria. Já o número de pessoas desocupadas recuou em 1,5 milhão no mesmo período. O avanço da ocupação no trimestre encerrado em outubro ocorreu em oito das dez atividades pesquisadas. As maiores contribuições vieram do setor de comércio (1,1 milhão), indústria (535 mil), alojamento e alimentação (500 mil), construção civil (455 mil) e serviços domésticos (401 mil). Cerca de 70% da ocupação no trimestre ocorreu no setor de serviços e comércio (2,3 milhões), sendo segmentos de caráter presencial beneficiados pela reabertura econômica. Diante da manutenção da trajetória de arrefecimento da pandemia nossa projeção preliminar para a taxa de desemprego para o próximo mês é de 11,6%.

Sobre o IAG

O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.

Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal).  Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.

O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).

O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.[1]

O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.

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Leitura Dinâmica

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