Índice de Atividade da Genial
Resumo: O IAG avançou na sua variação diária, entretanto, apresentou leve recuo na média móvel de 7 dias. Com este resultado, o índice se encontra 4,6 p.p. acima do nível pré-Covid (100) e avançou 0,6 p.p. em relação ao número observado há 7 dias. Ademais, o IAG acumula alta de 3,3 p.p. nos últimos 30 dias. Os indicadores que compõem o IAG apresentaram resultados mistos. Por um lado, o consumo de energia e a mobilidade urbana contribuíram positivamente para o cálculo do índice. Em particular, a mobilidade através do transporte público se encontra no nível mais elevado desde o início da pandemia. Em contrapartida, tanto a emissão de notas fiscais quanto o número de voos domésticos ficaram estáveis em relação à leitura anterior.
Pandemia e Vacinação
Na última semana, o total de doses aplicadas alcançou o patamar de 291,7 milhões, ante 287,3 milhões na semana anterior, de modo que o percentual da população vacinada com pelo menos dose alcançou o patamar de 75,4% da população total brasileira, um aumento de 0,4 p.p. em relação à semana anterior. Por sua vez, a média móvel (MM7D) de doses aplicadas (0,7 milhão) aumentou em relação à leitura anterior (0,62 milhão). Ademais, o percentual da população com vacinação completa alcançou o percentual de 64,7% da população, um aumento de 2,3 p.p. em relação à semana anterior.
Observamos uma piora tanto na média móvel de óbitos que saiu de 183 para 194 mortes e da média móvel de casos registrados por dia que saiu de 7756 para 8849. Em particular, para o Estado de São Paulo, observamos melhoras tanto na média móvel de novas internações quanto no número de internados em leitos de UTI que saíram de 309 e 1074 para 281 e 990, respectivamente.
Embora tenhamos observado uma leve piora nos indicadores nacionais da pandemia, em nossa visão, os mesmos seguem apontando para o arrefecimento da pandemia (forte trajetória de queda tanto do número de óbitos quanto de casos) de maneira consistente com o avanço do processo vacinal. Além disso, nas últimas semanas, tivemos uma significativa piora da pandemia na Europa com um forte avanço no número de novos casos diariamente, entretanto, o número de óbitos não apresenta o mesmo comportamento visto que tem aumentado em ritmo significativamente menor. Portanto, nossa avaliação é que embora os indicadores no Brasil estejam apontando para um arrefecimento da pandemia nos últimos meses, a baixa cobertura vacinal com ambas as doses faz com que o risco de uma piora no número de casos ainda não possa ser descartado.
Agenda da Semana
Indústria
Indústria: Na última semana, foram divulgados os dados da Pesquisa Industrial Mensal referentes ao mês de outubro em que foi apontado um recuo de -0,6% m/m e -7,8% a/a. A produção industrial no mês é marcada pela disseminação de resultados negativos. Houve recuo em quatro das cinco grandes categorias econômicas e 19 das 26 atividades investigadas. Com este resultado, o setor acumula o quinto resultado negativo consecutivo na margem, com perda acumulada de 3,7% neste período. Os principais destaques vão para os recuos de -8,6% m/m da indústria extrativa (impactada pelas quedas no minério de ferro e petróleo) e -4,2% m/m dos produtos alimentícios (embargo às importações de carne bovinas por parte da China). No interanual, os destaques vão para o recuo de -17,1% a/a dos produtos alimentícios e de -14,5% a/a na produção de veículos. Além disso, tivemos a divulgação do PMI industrial para o mês de novembro em que houve um recuo de -0,2 pontos em relação ao nível neutro (50) apontando para retração do setor no mês, esta foi a primeira vez que o PMI industrial ficou abaixo do nível neutro em um ano e meio. Este resultado decorreu da redução dos volumes de produção por parte das empresas em linha com o forte recuo nas vendas associadas aos gargalos nas cadeias de produção, elevado processo inflacionário, aumento da incerteza econômica e um ciclo de forte elevação dos juros. Diante desses desafios, acreditamos que o setor industrial apresentará um desempenho estável nos próximos meses, visto que já se encontra bastante depreciado por conta dos sucessivos resultados negativos registrados nos últimos meses.
Serviços
Serviços: Na última semana foram divulgados os dados da sondagem de serviços da FGV e do PMI de serviços referentes ao mês de novembro. Por um lado, o indicador da FGV apontou para um recuo de 2,3% m/m em relação ao mês de outubro e avanço de 13,3% a/a na comparação interanual devido ao efeito base. Em contrapartida, o PMI de serviços ficou 3,6 pontos acima do nível neutro (50) apontando para a continuidade da expansão do setor no mês de novembro, entretanto, apresenta uma desaceleração em relação ao mês anterior. Este crescimento decorreu da recuperação da atividade econômica em meio ao arrefecimento da pandemia, entretanto, o elevado nível inflacionário atua como um fator de risco para o desempenho do setor nos próximos meses à medida que os custos das empresas são repassados ao consumidor final. Nossa avaliação é que diante do arrefecimento da pandemia e a transição do consumo de bens para serviços, acreditamos que este segmento continuará liderando o crescimento econômico nos próximos meses.
Varejo
Varejo: Na última semana foram divulgados dados referentes às Consultas à inadimplência e a Sondagem do Comércio da FGV para o mês de novembro. Nesse sentido, ambos indicadores apontaram para recuo na margem do setor no período. A sondagem apontou para uma retração de -6,6% m/m que teve influência tanto da piora da percepção atual do ritmo de vendas quanto das expectativas sobre os próximos meses. Isso decorre diante um cenário de elevada inflação que deverá apresentar maiores sinais de queda no segundo semestre do próximo ano, e do ciclo de alta de juros que encarece o custo do crédito. Nesta semana, teremos a divulgação dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) nos conceitos restrito e ampliado. Estamos diante de um cenário adverso para o setor: elevado processo inflacionário, que deprecia a renda das famílias limitando o seu consumo, ciclo de alta de juros, gargalos de oferta, que têm limitado a disponibilidade de bens, sobretudo, duráveis e uma natural transição do consumo de bens para serviços. Com isso, acreditamos que o varejo ampliado recuará -0,2% m/m e -6,2% a/a. Entretanto, para o varejo restrito, diante do efeito calendário de Dia das Crianças em um contexto de arrefecimento da pandemia e menores restrições de mobilidade, acreditamos que as vendas no varejo restrito avançarão 0,3% m/m e -6,3% a/a.
Demais Indicadores
Demais Indicadores: Não houve divulgações na última semana.
Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho: Na última semana foram divulgados os dados da PNADc referentes ao trimestre encerrado em setembro e da criação de vagas de emprego formal (Caged) de outubro. Nesse sentido, os dados apontaram para um recuo na taxa de desemprego que ficou em 12,6%, representando uma queda de 2,3 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado e -1,6 p.p. em relação ao trimestre encerrado em junho. O número de pessoas na força de trabalho foi de 106,4 mi, aumento de 2,2 milhões de trabalhadores em relação ao trimestre encerrado em junho, puxado pelo crescimento da população ocupada (3,6 milhões). Já o número de pessoas desocupadas recuou em 1,4 milhão no mesmo período. O crescimento da ocupação no trimestre encerrado em setembro ocorreu em oito das dez atividades pesquisadas. As maiores contribuições vieram do setor de comércio (1,2 milhões), indústria (721 mil), construção civil (489 mil), alojamento e alimentação (486 mil) e serviços domésticos (443 mil). Cerca de 65% da ocupação no trimestre ocorreu no setor de serviços e comércio (2,4 milhões), sendo segmentos de caráter presencial beneficiados pela reabertura econômica. Por sua vez, o Caged registrou criação líquida de 253 mil postos de trabalho formal, em linha com a nossa expectativa, porém levemente pior que a projeção mediana do mercado (260 mil, Broadcast). No mesmo mês do ano passado houve saldo positivo de 366 mil vagas. Houve criação líquida em oito dos nove setores analisados. Os destaques ficaram com o setor de serviços que gerou 143,7 mil postos formais, comércio (70,3 mil), indústria de transformação (23,7 mil) e construção civil (17,2 mil). O único grupo que apresentou saldo líquido negativo foi o setor de agropecuária (-5,8 mil). No âmbito da modernização trabalhista, tivemos a criação 9,4 mil vagas de trabalho intermitente e 4,6 mil vagas em regime parcial. Em 12 meses, o número líquido de postos de trabalho intermitentes criados está em 91,8 mil vagas enquanto no trabalho parcial criação de 39,1 mil vagas.
Sobre o IAG
O Índice de Atividade da Genial (IAG) é um indicador de frequência diária que tem como objetivo monitorar o ritmo de recuperação da atividade econômica brasileira.
Esse índice diário não se propõe a ser uma proxy do PIB, ou seja, não substitui o modelo de projeção de PIB da Genial (o qual inclui muitas outras variáveis econômicas de frequência mensal). Dessa forma, um indicador não substitui o outro, são duas formas complementares de acompanhar a retomada do nível de atividade. O IAG tem frequência diária e se propõe a acompanhar a evolução da velocidade da retomada da atividade no dia a dia, enquanto a nossa projeção de PIB dá uma ideia do cenário como um todo, e é calibrado para gerar estimativas para os trimestres à frente.
O IAG tem alta correlação com índices mensais de atividade e possui alto poder preditivo sobre as variações mensais do IBC-BR (indicador mensal de atividade divulgado pelo Bacen).
O IAG é construído por uma média ponderada dos seguintes dados de frequência diária: consumo de energia elétrica, indicadores de mobilidade urbana da Apple, emissão de notas fiscais eletrônicas no estado do Rio Grande do Sul e número de voos diários no Brasil.
O índice é construído de forma que toma o valor de 100 para o nível de atividade médio antes do surto de COVID-19 (entre 1º de janeiro e 15 de março). Dessa forma, o IAG representa o nível de atividade corrente em relação ao período pré-surto.